PRO_MOV: o exemplo de match entre setor público e privado que entra em “aceleração” em 2023 168

Especialistas em gestão, recursos humanos e formação de várias multinacionais na Europa juntaram-se a entidades públicas numa reunião de trabalho que decorreu semana passada no Porto. O objetivo foi debater e renovar caminhos possíveis para parar a “bomba-relógio” da falta de qualificação dos profissionais a nível europeu: estima-se que mais de 5 milhões de pessoas precisem de se requalificar nos próximos anos para atender às necessidades da economia e das empresas.

Durante a reunião, que decorreu a 8 e 9 de fevereiro e incluiu uma visita ao CESAE Digital, o programa PRO_MOV, braço do R4E em Portugal, foi apresentado como caso de estudo a nível europeu e exemplo de “match” entre setores público e privado. Em Portugal, o PRO_MOV é impulsionado pela Sonae, Nestlé e SAP, lado a lado com o setor público, através do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), em estreita cooperação com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. A Associação Business Roundtable Portugal (BRP), parceiro fundamental deste projeto, cedo se juntou a esta iniciativa trazendo-lhe escala através da entrada de dezenas de empresas portuguesas dos mais variados setores.

Depois de um ano em versão teste, que já conta com resultados práticos – pessoas formadas a trabalhar em empresas – o PRO_MOV irá, em 2023, entrar em “aceleração”, de acordo com João Günther Amaral, membro da Comissão Executiva da Sonae e porta-voz do PRO_MOV: “A requalificação é fundamental para garantir o futuro da população desempregada ou em risco de desemprego, bem como para garantir a competitividade do país”. Deve, por essa razão, ser vista “como prioritária” e “motivo para a união de esforços do setor público e privado”, afirma.

O PRO_MOV é constituído por sete Laboratórios e vários cursos liderados por empresas conhecidas: Indústria (Nestlé), Agricultura (Sogrape), Digital (SAP), Green Jobs (EDP), Vendas (DELTA), Healthcare (Hovione, CUF) e, mais recentemente, Business Intelligence (Worten). Cada um destes laboratórios inclui formações para inscritos no IEFP. O primeiro destes cursos, que começou com o lançamento da fase piloto, já terminou, e vários formados estão integrados em empresas. O caso resultou tão bem que a segunda turma terá início em março.

“O papel do IEFP é ser o elo de ligação entre quem disponibiliza emprego e quem procura. Com o PRO_MOV falamos a linguagem das empresas, com cursos que se adaptam às suas necessidades. Por outro lado, contribuímos para que os formandos aumentem as suas competências no sentido de ascenderem profissionalmente”, considera Luís Manuel Ribeiro, Chefe de Equipa de Projeto Transição Digital do IEFP.

“Na Associação BRP estamos focados em acelerar Portugal e mudar as vidas das Pessoas. Reconhecendo os méritos do PRO_MOV, esta é uma das apostas do BRP e o nosso contributo visa reforçar a proximidade da formação com a realidade das empresas e dedicando recursos para alcançar a escala que ambicionamos”, considera Pedro Ginjeira do Nascimento, Secretário-geral da Associação  Business Roundtable Portugal.

A reunião presencial no Porto promovida pelo Reskilling 4 Employment (R4E) e acolhida pela Sonae juntou cerca de 50 entidades relevantes como grandes empresas europeias, representantes de entidades públicas de emprego, da European Rountable Industry (ERT) e da McKinsey, o parceiro de conhecimento do R4E.

ERT: normalizar a requalificação na Europa

Inicialmente lançado em maio de 2021 sob a liderança de Paulo Azevedo, presidente da Sonae, o R4E foi desenvolvido pela European Rountable Industry (ERT), fórum de alto nível que junta 60 CEOs e presidentes de empresas e que tem como objetivo promover parcerias de requalificação entre fornecedores, empregadores e candidatos a emprego.

José María Álvarez-Pallete, Presidente do Comité de Emprego, Competências e Impacto da ERT e Presidente e CEO da Telefónica, destacou o crescimento do R4E em toda a Europa, depois de iniciativas piloto em Portugal, Espanha e Suécia: “Continuamos a aumentar a nossa escala. Mas há ainda muito mais a fazer. A falta de competências é uma bomba-relógio e se vamos difundi-la, temos de construir uma cultura que normalize a requalificação em toda a Europa – para empresas e para indivíduos. É por isso que estamos a trabalhar para envolver mais empresas” e para “a adesão de mais seis países europeus ao esforço R4E ao longo deste ano”, afirmou.

Atualmente, entre as empresas que defendem o programa nos três países do R4E – Portugal, Espanha e Suécia – incluem-se AstraZeneca, Iberdrola, Nestlé, SAP, Sonae, Telefónica e Volvo Group.

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