Cada doente oncológico é único: Conheça soluções nutricionais adaptadas a cada um 3981

Os doentes oncológicos apresentam um risco acrescido de malnutrição devido à própria doença, que induz perda de apetite e diminuição do peso e massa muscular, como dos tratamentos, que geram um conjunto de efeitos secundários (como náuseas, vómitos, diarreia, alterações de paladar e/ou olfato, entre outros) que influenciam negativamente a ingestão de alimentos e a absorção de nutrientes.1,2 Estudos europeus reportam que a prevalência da malnutrição no doente oncológico pode ir até aos 30,9% na população adulta e até aos 83% na população mais idosa.3,4

Esta malnutrição pode conduzir a uma diminuição da resposta aos tratamentos, ao aumento do risco de complicações e do tempo de internamento hospitalar, a perda de qualidade de vida e a um pior prognóstico.1-2, 5-6

De realçar que os doentes oncológicos apresentam necessidades nutricionais aumentadas.1,2 Assim, o acompanhamento nutricional, que deve ser iniciado o mais precocemente possível, é fundamental para parar ou reverter o processo de malnutrição e garantir um maior sucesso do tratamento.1,5 Porém, nem sempre a alimentação habitual é suficiente para cobrir estas necessidades, pelo que o recurso aos Suplementos Nutricionais Orais constitui um auxílio importante durante o curso da doença.1

Os suplementos nutricionais orais podem contribuir para a gestão da malnutrição da doença, permitindo garantir de uma forma eficaz um maior aporte em energia, proteína, vitaminas e minerais, quando a alimentação, por si só, não consegue fornecer com sucesso os nutrimentos/ nutrientes necessários. Estes podem apresentar vários benefícios ao promover o aumento do peso e massa muscular, da adesão e resposta aos tratamentos, da qualidade de vida e da sobrevida.2,7-10

Para garantir uma adequada adesão aos suplementos é importante ter em conta alguns aspetos, nomeadamente o baixo volume (com uma elevada densidade energética e proteica), a oferta de uma maior variedade de sabores e a temperatura do produto – quando frescos os sabores tornam-se menos intensos e, assim, melhor tolerados.11-14

Importa não esquecer que cada doente oncológico é único e que existem soluções nutricionais adaptadas a cada situação específica. Como é o caso das alterações do paladar e do olfato, que também podem ter impacto na adesão do doente aos suplementos, estando presentes antes, durante e até 1 ano após os tratamentos em até 70% dos doentes.15 O recurso a suplementos nutricionais orais que induzam sensações térmicas específicas (quente e frio) são apreciados por doentes com estas alterações de paladar e/ou olfato, influenciando positivamente a adesão do doente à intervenção nutricional.16

A sarcopenia (doença progressiva e generalizada, caraterizada pela perda de massa magra e força muscular) também é frequentemente detetada no doente oncológico malnutrido.17 Nestes casos, importa  recomendar ao doente suplementos nutricionais orais que, para além de um elevado aporte em energia e proteínas, contenham uma combinação específica de nutrientes que promovam um aumento da síntese proteica muscular. Uma combinação de soroproteína, leucina e vitamina D parece ser eficaz no aumento da síntese proteica muscular, com benefícios para o aumento da massa magra, força muscular e performance física.18

A disfagia é também uma condição comum, particularmente em doentes com tumores de cabeça e pescoço em terapêutica intensiva de quimioradioterapia.1 É fundamental adaptar a consistência dos alimentos e bebidas a esta condição, com recurso a espessantes ou suplementos nutricionais orais com consistência modificada, que contenham propriedades de resistência à amílase salivar (pela presença de gomas).19-20 Pode ainda ser necessário, em alguns destes casos, recorrer à nutrição entérica por sonda.1

Nunca esquecendo que a inflamação sistémica pode ser um dos fatores etiológicos para o desenvolvimento da malnutrição, originando situações de caquexia oncológica. Esta condição afeta 1 em cada 2 doentes com doença oncológica avançada. As orientações mais recentes indicam a toma de suplementos nutricionais orais hiperproteicos especialmente formulados  com ácidos gordos n-3 (com propriedades anti-inflamatórias), por forma a aumentar o peso corporal, atenuar a perda de massa magra e melhorar a qualidade de vida.21

O nutricionista deverá adaptar e individualizar a recomendação do suplemento nutricional oral aos desafios nutricionais inerentes a cada doente oncológico. Independentemente do tipo de suplemento nutricional oral selecionado, estes devem ser sempre consumidos sob supervisão de um profissional de saúde.

Saiba mais em: Conheça as nossas soluções nutricionais adaptadas – Nutricia

Referências:

  1. Muscaritoli M, et al. ESPEN practical guideline: Clinical Nutrition in cancer. Clin Nutr. 2021 May;40(5):2898-2913.
  2. Arends J, et al. ESPEN expert group recommendations for action against cancer-related malnutrition. Clin Nutr. 2017 Oct;36(5):1187-1196.
  3. Pressoir M, et al. Prevalence, risk factors and clinical implications of malnutrition in French Comprehensive Cancer Centres. Br J Cancer. 2010;102(6):966-71.
  4. Caillet P, et al. Association between cachexia, chemotherapy and outcomes in older cancer patients: A systematic review. Clinical Nutrition. 2017;36(6):1473-82.
  5. Ravasco P. Nutrition in Cancer Patients. J Clin Med. 2019 Aug 14;8(8):1211.
  6. Prado CM, et al. Sarcopenia and cachexia in the era of obesity: clinical and nutritional impact. Proc Nutr Soc. 2016 May;75(2):188-98.
  7. Baldwin C, et al. Oral nutritional interventions in malnourished patients with cancer: a systematic review and meta-analysis. J Natl Cancer Inst. 2012 Mar 7;104(5):371-85.
  8. Kabata P, et al. Preoperative nutritional support in cancer patients with no clinical signs of malnutrition–prospective randomized controlled trial. Support Care Cancer. 2015 Feb;23(2):365-70.
  9. Maňásek V, et al. The Impact of High Protein Nutritional Support on Clinical Outcomes and Treatment Costs of Patients with Colorectal Cancer. Klin Onkol. 2016 Fall;29(5):351-357.
  10. Trestini I, et al. Prognostic impact of early nutritional support in patients affected by locally advanced and metastatic pancreatic ductal adenocarcinoma undergoing chemotherapy. Eur J Clin Nutr. 2018 May;72(5):772-779.
  11. Enriquez-Fernández BE, et al. Sensory preferences of supplemented food products among cancer patients: a systematic review. Support Care Cancer. 2019 Feb;27(2):333-349.
  12. Stratton RJ, Elia M. Encouraging appropriate, evidence-based use of oral nutritional supplements. Proc Nutr Soc. 2010 Nov;69(4):477-87.
  13. Ravasco P. Aspects of taste and compliance in patients with cancer. Eur J Oncol Nurs. 2005;9 Suppl 2:S84-91.
  14. Hubbard GP, et al. A systematic review of compliance to oral nutritional supplements. Clin Nutr. 2012 Jun;31(3):293-312.
  15. Spotten LE, et al. Subjective and objective taste and smell changes in cancer. Ann Oncol. 2017 May 1;28(5):969-984.
  16. de Haan JJ, et al. Self-reported taste and smell alterations and the liking of oral nutritional supplements with sensory-adapted flavors in cancer patients receiving systemic antitumor treatment. Support Care Cancer. 2021 Oct;29(10):5691-5699.
  17. Prado CM, et al. Examining guidelines and new evidence in oncology nutrition: a position paper on gaps and opportunities in multimodal approaches to improve patient care. Supportive Care in Cancer. 2022;30:3073–3083.
  18. Rondanelli M, et al. Improving rehabilitation in sarcopenia: a randomized-controlled trial utilizing a muscle-targeted food for special medical purposes. J Cachexia Sarcopenia Muscle. 2020;11(6):1535-1547.
  19. Bolivar-Prados M, et al. Effect of a gum-based thickener on the safety of swallowing in patients with poststroke oropharyngeal dysphagia. Neurogastroenterol Motil. 2019 Nov;31(11):e13695.
  20. Dennehy T, et al. Tolerability, compliance, and product evaluation of a pre-thickened oral nutritional supplement for disease related malmnutrition in patiens with dysphagia. Aging Res Clin Practice. 2019;8:85-90.
  21. Arends J, et al. Cancer cachexia in adult patients: ESMO Clinical Practice Guidelines. ESMO Open. 2021;6(3):100092.
Envie este conteúdo a outra pessoa