Pensar no Futuro com a Juventude à Mesa 769

Por Luísa Dias, Lucileine Santos e Leonor Sanguinho, respetivamente a presidente, secretária e tesoureira da Direção da Associação Nacional de Estudantes de Nutrição (ANEN).

 

Vivemos em tempos em que se fala cada vez mais sobre os jovens, mas nem sempre com os jovens. Quando se discute políticas de juventude, estas referem-se a medidas que impactam diretamente o acesso à educação, à saúde, à habitação, ao emprego e à participação cívica. No entanto, estas decisões são muitas vezes tomadas sem uma representação ativa dos principais interessados: os próprios jovens.

O mais recente Plano Nacional para a Juventude (PNJ), coordenado pela Secretaria de Estado da Juventude e Desporto, assenta em cinco eixos: emancipação e autonomia, educação, formação e ciência, cidadania e participação, estilos de vida saudáveis, e cultura e criação livre. O plano reconhece expressamente a importância da promoção de mecanismos que envolvam a juventude na conceção e execução de políticas públicas.

Na área da saúde e da nutrição, esta participação é igualmente urgente. A transição para a vida profissional, os desafios do percurso académico, a pressão da empregabilidade, a saúde mental dos estudantes e a própria formação técnica e ética dos futuros nutricionistas são temas que devem ser debatidos com os estudantes à mesa.

É aqui que entra o papel da Associação Nacional de Estudantes de Nutrição (ANEN), que desde 2011 representa os estudantes dos cursos de Ciências da Nutrição e Dietética e Nutrição a nível nacional. Ao longo dos últimos anos, a ANEN tem-se afirmado não apenas como uma associação preocupada em complementar o percurso académico dos estudantes, mas também como uma plataforma de representação política e institucional dos jovens da área da nutrição, assumindo o compromisso de ser a voz dos estudantes junto das entidades de decisão.

Para além de Rótulos: O Nutricionista na Indústria

A sua presença no Conselho Nacional de Juventude (CNJ), bem como em trabalho próximo junto da Ordem dos Nutricionistas, e colaborações com estruturas da área da saúde como a Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS) e o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), e outros parceiros internacionais, demonstra o seu impacto crescente. A ANEN tem participado em diversos fóruns, contribuído para posicionamentos sobre saúde pública e levado a voz dos estudantes a instâncias onde, tradicionalmente, eram pouco ou nada ouvidos.

Num país onde apenas 20% dos jovens profissionais de saúde considera que a sua opinião é considerada nas decisões que afetam o seu ambiente profissional (dados do Barómetro de Satisfação e Bem-Estar dos Jovens Profissionais de Saúde, 2025), torna-se fundamental a integração dos mesmos nas decisões que dizem respeito à sua formação, à sua saúde, às condições de estágio e ao futuro da profissão, permitindo não só promover a sua participação cívica, mas também a construir políticas mais justas e eficazes.

A política para a juventude tem tudo a ganhar com mais juventude na política. E a nutrição, enquanto profissão de intervenção social e científica, necessita de jovens informados, conscientes e envolvidos desde já nas transformações do setor. Os estudantes, por sua vez, precisam de estruturas que os envolvam de forma efetiva e não simbólica.

A ANEN é, hoje, uma dessas estruturas. Uma ponte entre as ideias da juventude e as decisões das instituições. Que outras áreas da saúde e do ensino superior sigam o exemplo, abrindo espaço para uma juventude com voz ativa, representada, e sobretudo respeitada.