
A balança infantil é pesada em Portugal. Uma em cada três crianças tem peso a mais e 13,5% sofrem de obesidade. Com repercussões graves a longo prazo, as consequências da obesidade vão muito além da balança e podem prolongar-se pela vida adulta. O ideal, segundo os especialistas, é apostar na prevenção, mas quando isso não é possível, é preciso agir aos primeiros sinais daquela que já é uma “epidemia mundial” e um dos problemas mais críticos de saúde pública em Portugal.
O tratamento da obesidade não é fácil. Além de demorado, pode também ser muitas vezes frustrante, pelo que requer determinação e perseverança de toda a família. Até porque, em muitos casos, não é só a criança que tem maus hábitos alimentares e peso a mais, são também os pais ou outros elementos da família.
Desta forma, para que o tratamento seja bem-sucedido, “a família deve estar comprometida e totalmente envolvida no processo de mudança de hábitos alimentares, sendo fundamental que a oferta alimentar seja transversal a todos os elementos, sem fazer com que a criança se sinta culpada ou punida”, alerta a nutricionista Inês Tomada.
Por sua vez, Raquel Soares conhece bem os desafios inerentes ao tratamento e partilha as dificuldades e as resistências com que se defronta nas consultas de obesidade infantil. “É muito difícil alterar todo um contexto familiar e social obesogénico, mudar mentalidades e modos de vida, motivar a criança e a família”, afirma.
Segundo a pediatra, explicar aos pais e cuidadores a importância do seu papel na modificação de hábitos, uma vez que são eles os responsáveis por disponibilizarem a maioria das refeições e incentivarem a prática de exercício físico, “é uma tarefa que exige muita repetição”. Por isso, considera “casos de sucesso os que aumentaram o consumo de vegetais, passaram a beber só água às refeições, já tomam o pequeno-almoço e fazem quase sempre os lanches intermédios, mesmo que o reflexo na balança não seja o retorno ao normopeso, que é um objetivo difícil de alcançar”.
Na opinião da especialista, as principais dificuldades no acompanhamento de crianças e adolescentes com obesidade ou excesso de peso “são a falta de profissionais de apoio à consulta como nutricionistas, psicólogos ou profissionais do exercício físico, o que não permite a intervenção intensiva desejável que permitiria melhores resultados”.
Obesidade: Livro “Mamã, o que é a obesidade?” percorre escolas de Portugal
Esse é também um dos desafios que a nutricionista Mónica Pitta Grós Dias encontra no acompanhamento nutricional destas crianças e adolescentes, uma vez que “nem todas as famílias têm acesso a nutricionistas ou outros profissionais de saúde que possam fornecer orientação adequada e a falta de acompanhamento regular pode dificultar a manutenção das mudanças de hábitos e a avaliação da evolução”.
“Obesidade infantil: um problema que vai (muito) além da balança” é o artigo de destaque da última edição da VIVER SAUDÁVEL, afeta aos meses de maio e junho, já disponível. Leia o artigo completo na Revista dos Nutricionistas.