As Eleições Legislativas de 18 de maio destacam-se pela presença de alguns nutricionistas nas listas dos vários partidos. Bruno Sousa é o n.º 4 da Aliança Democrática pelo círculo eleitoral da Madeira.
Com 46 anos, este madeirense de gema tem grande orgulho da sua terra, bem como das suas gentes. “Maritimista de paixão”, não dispensa a brincadeira com os filhos (tem dois), a companhia dos amigos, o desporto (em particular, o ténis), a leitura e as viagens.
Em entrevista à VIVER SAUDÁVEL, admite um gosto especial pela Nutrição Clínica e pela Nutrição Comunitária e Saúde Pública e refere que a profissão tem tudo para ser cada vez mais reconhecida e valorizada.
VIVER SAUDÁVEL (VS) – Porque decidiu apresentar-se a eleições pela Aliança Democrática?
Bruno Sousa (BS) – Acima de tudo, julgo que a AD – Coligação PSD/CDS traduz um projeto político com o qual me identifico enquanto cidadão que acredita num Portugal melhor, mais desenvolvido e mais justo para todos e que reconhece que esse caminho vinha sendo trilhado, ao longo dos últimos onze meses, precisamente sob a liderança da AD e de Luís Montenegro, com claros benefícios para a Região que represento enquanto candidato.
Aliás, é importante dizer que, em menos de um ano, foi possível que o Governo da República, da AD, garantisse a resposta a um conjunto de reivindicações da Madeira que simplesmente estiveram nove anos estagnadas aquando da liderança socialista no poder central. Acredito assim que, tanto para o País no seu todo como para a Região Autónoma da Madeira, esta é, sem dúvida, a melhor solução política e aquela que maior garantias de estabilidade e governabilidade representa para os Portugueses.
VS – É hoje candidato a um lugar na Casa da Democracia. Que temas vão marcar a sua campanha?
BS – Integro uma candidatura que tem objetivos e compromissos claramente definidos para a próxima Legislatura, essencialmente fundamentados na necessidade de reforçar os poderes autonómicos da Madeira, nomeadamente através da revisão da Constituição e da urgente revisão da Lei das Finanças Regionais, mas, também, na necessidade de garantir que o Estado assuma as suas responsabilidades e assuma, por exemplo, custos até agora suportados pela Região mas que são da sua competência, em áreas como a Saúde e a Educação.

Existem muitos outros compromissos – por exemplo a majoração do financiamento à Universidade da Madeira e o reforço da competitividade do nosso Centro Internacional de Negócios – que constam da nossa candidatura e é nesta perspetiva transversal, que prioriza direitos e respostas que faltam à Região mas que, ao mesmo tempo, reforçam a nossa responsabilidade enquanto parte integrante de Portugal, que assumo a minha intervenção neste projeto, obviamente identificando-me um pouco mais, até pelas funções profissionais que desempenho, com as áreas da Saúde, Agricultura e Educação.
VS – Como olha para o estado do país, em particular para o estado da Saúde?
BS – Para o nosso país, 2024 foi um “ano de viragem”, com a implementação de várias medidas, nomeadamente na redução de impostos e na valorização de salários e pensões. Contudo, penso que agora o prioritário é termos estabilidade para podermos continuar a melhorar o nosso país. Portugal não pode parar!
Na Saúde, o nosso país enfrenta desafios significativos, mas que não podem ser resolvidos de imediato, sendo necessário iniciar um processo de transformação, mas que exige tempo e um esforço contínuo. É fundamental aumentar o acesso de qualidade aos cuidados de saúde, aos cuidados paliativos e aos cuidados continuados e desenvolver alguns planos específicos, como um plano de saúde oral para os portugueses mais carenciados e cuidados de nutrição e reabilitação.
VS – E como olha para o estado da sua profissão?
BS – Considero que a profissão de Nutricionista ainda precisa de algumas melhorias, nomeadamente no acesso à profissão, e de mais profissionais, nomeadamente nas unidades de saúde e nas escolas. Por outro lado, há que investir em novas áreas emergentes, em que a nutrição tem um papel fundamental.
VS – A Nutrição, enquanto profissão jovem no nosso país, entrou na Assembleia da República em 2024 com Ana Gabriela Cabilhas. Os nutricionistas têm conseguido impor-se na sociedade ou ainda existe um longo caminho para o reconhecimento da profissão? De que forma um nutricionista pode acrescentar um saber diferente ao Parlamento?
BS – Atualmente, considero que os Nutricionistas são reconhecidos pela sociedade, mas quando iniciei a minha profissão, eram muitos os que desconheciam a profissão e as inúmeras funções da atuação de um Nutricionista. Fruto do trabalho desenvolvido por estes profissionais ao longo dos anos, no presente, acho que é, sem dúvida, uma profissão relevante e respeitada. Por outro lado, verificamos cada vez mais Nutricionistas em lugares de destaque na sociedade, não só a nível nacional, como também a nível internacional.

Ana Gabriela Cabilhas é um excelente exemplo, em que para além da competência e dedicação que lhe é característica, veio dar uma nova visão a muitas temáticas discutidas na Assembleia da República, realçando o papel da Nutrição, que é transversal a diversas áreas.
VS – Porque escolheu a Nutrição como área de formação?
BS – Sempre foi uma área que me fascinou desde o meu 9.º ano de escolaridade, numa época em que a Nutrição ainda era muito desconhecida. Fui investigando esta área e as suas potencialidades e decidi que era aquilo a que queria me dedicar para a minha vida profissional.
Na altura, não tinha dúvidas que gostava muito de Nutrição, e da importância do seu papel a ajudar as pessoas, mas não sabia se ia ser possível exercer a profissão da forma que considerava ser a adequada e que idealizava. Sabia que era uma profissão recente em Portugal e que ainda estava muito pouco explorada, mas hoje, sem dúvida, posso afirmar que escolhi muito bem a minha profissão, e quem me conhece sabe que tenho exercido esta profissão com uma grande paixão. É fantástico conseguir ajudar as pessoas a terem uma alimentação equilibrada, a terem um peso adequado, e a tornarem-se mais felizes e saudáveis.
Por outro lado, como adoro ensinar, a docência universitária em Nutrição sem dúvida que me completa como profissional.
VS – Como descreve o seu percurso profissional?
BS – Foi um percurso muito dedicado à profissão e à Nutrição. Mal acabei o curso, regressei à minha terra, onde comecei a exercer a minha atividade profissional, mas ao mesmo tempo, pelo facto de querer saber sempre mais e mais na área, fiz o Mestrado e o Doutoramento na Universidade do Porto, exigindo uma constante deslocação ao Porto, por vezes, semanal. Foram cerca de 10 anos entre a Madeira, onde sempre trabalhei, e o Porto, onde estudava. Foi uma fase muito exigente a nível pessoal.
Mais recentemente, tenho estado mais entre a Madeira e Lisboa, onde leciono na Licenciatura em Ciências da Nutrição da Universidade Lusófona e sou Diretor do Mestrado em Nutrição Clínica.
Enquanto Nutricionista, já há 23 anos, sempre exerci a minha atividade no Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira, tendo a oportunidade de ajudar a minha população a melhorar os seus hábitos alimentares, essencialmente ao nível dos cuidados de saúde primários. Atualmente exerço as funções de Diretor do Serviço de Nutrição.

Paralelamente à minha profissão, sempre tive, desde os tempos de faculdade, um gosto em dar o meu contributo social a diversos níveis, desde associações de estudantes, em instituições de utilidade pública, passando pela Ordem dos Nutricionistas, tendo desempenhado várias funções. Ao longo destes anos, sempre me envolvi em diferentes tarefas, paralelas à minha profissão, mas que muito me satisfazem.
VS – Que mensagem quer deixar aos colegas nutricionistas?
BS – Que não desistam de lutar pela nossa profissão e por uma Nutrição melhor para a nossa população. Se continuarmos a pautar a nossa prática profissional pela evidência científica, acredito que temos tudo a nosso favor para que progressivamente a atividade do Nutricionista seja cada ver mais reconhecida e valorizada.