Universidade do Porto estuda atividade física e nutrição em doentes com cancro colorretal 719

09 de Março de 2016

Investigadores da Universidade do Porto (UP) estão a desenvolver um estudo sobre a relação entre a atividade física e a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis com a qualidade de vida de doentes diagnosticados com cancro colorretal (CCR).

De acordo com a investigadora que lidera o projeto, Luísa Soares-Miranda, o objetivo principal passa também por verificar como esses fatores atuam na recorrência da doença e na sobrevivência dos pacientes.

Em depoimentos à “Lusa”, a responsável pela investigação CASUS (Cancer Study Survival), que faz parte do Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL) da Faculdade de Desporto da UP (FADEUP), indicou que o diagnóstico do cancro pode ser uma «janela de oportunidade para mudanças de comportamento».

Acredita que através da nutrição e da atividade física é possível melhorar os efeitos laterais de curto e longo prazo associados aos tratamentos, tais como a fadiga, o ganho de gordura e a perda de aptidão física.

Com o auxílio desses dois fatores, crê também ser possível evitar o desenvolvimento de outras perturbações crónicas, como a diabetes e doenças cardiovasculares, e reduzir as possibilidades de uma recorrência do cancro.

«O cancro colorretal é o segundo cancro mais comum na Europa», indica a investigadora, acrescentando que as taxas de sobrevivência aos 5 anos variam entre os 40 e os 65%, com uma prevalência aos 5 anos de um milhão, segundo dados de 2012.

«Em Portugal, a incidência CRC ocupa o segundo lugar entre todos os tipos de cancro, em homens e mulheres, após os cancros da próstata e da mama, com taxas de sobrevivência aos 5 anos variando entre os 50 e os 60%», informou Luísa Soares-Miranda.

Mesmo nos casos em que o tratamento tem sucesso, os pacientes com cancro colorretal, na sua maioria idosos, passam por problemas de saúde e diminuição da qualidade de vida e de aptidão física, acrescentou.

Os indivíduos selecionados para o estudo, com idade igual ou superior a 18 anos, vão responder a um questionário sobre a atividade física, a ingestão alimentar e a qualidade de vida.

Para além disso, vão ser realizados análises ao sangue e testes de aptidão física e os pacientes vão usar um acelerómetro durante sete dias.

Estes testes vão ocorrer em três fases, aos seis, aos 12 e aos 24 meses após a cirurgia, para verificar as mudanças que vão surgindo durante esse período.

A investigadora estima que o número de pessoas que vivem com o diagnóstico deve aumentar devido aos programas de rastreio – hoje em dia «mais efetivos»-, às melhorias nos tratamentos e à tendência da população no que respeita ao envelhecimento.

Na investigação CASUS (Cancer Study Survival), que vai ficar concluída entre 2017 e 2018, estão envolvidos investigadores do FADEUP, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, do Porto, e profissionais do serviço de Gastroenterologia do Hospital São João.

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