
A nutricionista Conceição Calhau, recentemente eleita para o Conselho de Supervisão da Ordem dos Médicos (OM), defende que Nutrição e a medicina são áreas com “papéis bem definidos”, mas que partilham “linguagens que devem ser compatíveis”.
“São duas profissões com linguagens que devem ser compatíveis, com objetivos convergentes e um trabalho conjunto orientado para a promoção da saúde e a prevenção da doença — cada uma com papéis bem definidos”, garante Conceição Calhau, em entrevista à VIVER SAUDÁVEL.
Com três décadas de experiência no ensino em contexto de escola médica, sublinha a complementaridade entre as duas áreas do saber, que considera “muito alinhadas com a lógica da prevenção”. Aliás, frisa que “não foi por acaso” que a sua vinda para a Nova Medical School esteve na origem da criação da licenciatura em Ciências da Nutrição naquela instituição. “Já venho há algum tempo a contribuir para a aproximação destas realidades”, diz.
Sem desvirtuar o propósito da sua eleição — “não confundirei papéis” —, Conceição Calhau acredita que o novo cargo pode ajudar a estreitar relações entre as Ordens Profissionais da Medicina e da Nutrição. “Conheço bem o percurso da profissão de nutricionista — até porque contribuo para a formação de nutricionistas em Portugal —, mas sei que o meu lugar no Conselho é dedicado à Medicina e aos médicos”, sublinha.
Um desafio e uma oportunidade
Tal como acontece com a Ordem dos Nutricionistas, a associação pública profissional que regula a Medicina deve ter no seu Conselho de Supervisão — “uma imposição legal a todas as ordens” — membros internos e externos. No caso da Ordem dos Médicos, os membros externos devem estar ligados à formação médica.
Nutricionista Conceição Calhau vai integrar Conselho de Supervisão da OM
Neste sentido, esta é “uma oportunidade e um grande desafio”, considera, uma vez que “este primeiro Conselho vai determinar muito do seu próprio regulamento e dos seus princípios”.
Quanto aos resultados, a Lista B, encabeçada por Conceição Calhau e Jaime Branco, “ficou um pouco aquém” do esperado (23,51%), ainda que a independência desta equipa face ao projeto da Ordem — algo que, sublinha, terá sido menos claro na Lista A, vencedora com 50,64% dos votos — seja, na sua perspetiva, o verdadeiro traço distintivo de um órgão como este.
Ainda assim, a expectativa é “muito positiva”, até porque os membros agora eleitos pela Lista A são pessoas que a sua equipa conhece bem do meio académico. “Tenho a certeza de que este órgão poderá trabalhar de forma profícua”, conclui.
Primeira reunião será fundamental
O Conselho de Supervisão da Ordem dos Médicos será composto por 15 membros. Destes, seis médicos e seis não médicos foram já eleitos (8 da Lista A e 4 da Lista B), seguindo-se a escolha de três membros cooptados na primeira reunião da nova equipa.
Será também neste primeiro encontro que será eleito o presidente do Conselho. A personalidade “tem obrigatoriamente de ser um dos eleitos que não esteja inscrito na Ordem”, lembra. “Ou seja, dos seis membros eleitos que não são médicos — 4 da Lista A e 2 da Lista B — um de nós será presidente”, esclarece.