Investigadores do Porto vão promover aquacultura sustentável em países africanos 1390

O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto lidera um projeto que pretende desenvolver, testar e demonstrar sistemas “inovadores e sustentáveis” de produção de aquacultura em seis países africanos.

Em comunicado, citado pela Lusa, o centro da Universidade do Porto explica que o projeto, intitulado INNOECOFOOD e financiado no âmbito do programa Horizonte Europa, arrancou em janeiro.

O objetivo do projeto, que conta com 21 parceiros, passa por instalar unidades de produção em quatro “ECOHUBS” e implementar a monitorização em seis explorações aquícolas locais (‘Living labs’).

Em ambos os casos, serão usadas tecnologias digitais que serão “o impulso para gerar novas áreas de negócio” e formar agricultores e aquicultores, jovens e mulheres, nos países africanos.

O objetivo é que através destes ECOHUBS seja possível formar 120 jovens, 120 mulheres e cerca de 5.000 trabalhadores a nível local.

O projeto “pretende desenvolver sistemas de produção agroecológica de alimentos sustentáveis que, ao mesmo tempo, proporcionem benefícios socioeconómicos aos produtores e às comunidades locais quer em África, como na Europa”, realça o centro.

“Estas unidades irão produzir e processar localmente peixes de aquacultura, spirulina (microalga) e insetos de modo a assegurar o abastecimento sustentável e responsável de alimentos seguros e de qualidade, bem como de rações”, afirma, citado no comunicado, o investigador António Marques.

De acordo com o investigador, o processamento dos recursos locais será alcançado “através de sistemas de refrigeração e secagem inovadoras, energia renovável, reciclagem de subprodutos e água dentro dos ECOHUBS”.

“O projeto abrirá novos caminhos para permitir que as comunidades locais criem valor através do desenvolvimento sustentável de alimentos saudáveis e de rações para a aquacultura”, salienta o CIIMAR.

O recurso a tecnologias digitais, como a Inteligência Artificial e IoT (Internet das Coisas na sigla em inglês), servirá para desenvolver “sistemas inteligentes de controlo e regulação para monitorizar a eficiência de funcionamento dos ECOHUBS”.

“Este tipo de tecnologias serão selecionadas e instaladas nos quatro ECOHUBS recorrendo a sensores para recolher dados em tempo real e farão o papel de monitorizar e controlar a produção de peixe, spirulina e insetos, bem como controlo dos equipamentos de processamento”, acrescenta.

O projeto envolve 17 instituições de investigação e quatro empresas europeias (Portugal, Reino Unido, Alemanha, Bélgica e Turquia), mas também africanas (Quénia, Uganda, Tanzânia, Namíbia, Gana e Egipto).