As Nações Unidas alertaram esta quarta-feira para o facto de a crise no Níger poder agravar a insegurança alimentar no país e apelaram a isenções humanitárias das sanções e do encerramento das fronteiras para evitar uma catástrofe.
O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA, na sigla em inglês), salientou que, mesmo antes do derrube do Presidente nigerino, Mohamed Bazoum, pelos militares, mais de três milhões de pessoas no país sofriam de insegurança alimentar aguda.
Mais de sete milhões de pessoas, atualmente consideradas em situação de insegurança alimentar moderada, “poderão ver a sua situação agravar-se em consequência da crise atual”, advertiu o OCHA, citando um estudo preliminar do Programa Alimentar Mundial (PAM), cita a Lusa.
Por seu lado, o programa alimentar da ONU garantiu ao Níger que continuará a prestar ajuda, apesar da atual crise política.
“O nosso trabalho é vital para as pessoas mais vulneráveis no Níger e deve continuar, particularmente nas circunstâncias atuais”, defendeu em comunicado Margot van der Velden, diretora regional adjunta do PAM para a África Ocidental.
A agência afirmou que, na primeira semana de agosto, tinha fornecido alimentos a 140.000 pessoas no país e tratamento vital para a desnutrição a 74.000 crianças.
O PAM alertou para o facto de as sanções regionais e o encerramento das fronteiras estarem a “afetar grandemente o fornecimento de alimentos e medicamentos vitais ao Níger”.
“Apelamos a todas as partes para que facilitem as isenções humanitárias, a fim de permitir o acesso imediato às pessoas que necessitam de alimentos e de bens de primeira necessidade”, afirmou Van der Velden.
O chefe da Guarda Presidencial nigerina, Abdourahmane Tiani, anunciou, em 26 de julho, a deposição de Mohamed Bazoum e o encerramento das fronteiras, devido à profunda crise económica e de segurança no país, que enfrenta um aumento das operações das ramificações do grupo extremista Estado Islâmico e da Al-Qaida.
O Níger é o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burkina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ameaçou com uma intervenção militar se não fosse reposta a legalidade constitucional.