
As Eleições Legislativas de 18 de maio destacam-se pela presença de alguns nutricionistas nas listas dos vários partidos. Catarina Sá Pacheco é a n.º 32 do novo Partido Liberal Social pelo círculo eleitoral do Porto.
Com 36 anos, confessa-se uma nutricionista convicta e praticante de desporto desde tenra idade. Com uma enorme paixão por todas as dimensões do conceito “estilo de vida saudável”, garante que esta é a melhor forma de autocuidado e de autorrespeito.
Em entrevista à VIVER SAUDÁVEL, a candidata reforça que, “num tempo de desinformação, o conhecimento científico é precioso”, razão pela qual os nutricionistas são “motor da prevenção e tratamento da doença”.
VIVER SAUDÁVEL (VS) – Porque decidiu candidatar-se a eleições pelo Partido Liberal Social?
Catarina Sá Pacheco (CSP) – Todos devemos participar, social ou politicamente, dando o contributo cívico que estiver ao nosso alcance para um Portugal mais próspero.
Reconheci no Partido Liberal Social uma real vontade de fazer diferente, de pensar diferente, reconhecendo o que está bem e procurando evoluir no que pode ser melhor. Esta visão vem pautada por um equilíbrio e sensatez que a meu ver fazem efetivamente falta.
VS – É hoje candidata a um lugar na Casa da Democracia. Que temas vão marcar a sua campanha?
CSP – O Partido Liberal Social está a dar os primeiros passos e optou por destacar 12 mudanças paradigmáticas que considera serem as mudanças chave para corrigir problemas diagnosticados no nosso desenvolvimento económico e social. Começar pela base.
O programa eleitoral para estas eleições legislativas é um convite para repensar o paradigma em que queremos viver, particularmente na saúde.
VS – Como olha para o estado do país, em particular para o estado da Saúde?
CSP – Todos sabemos das dificuldades que a Saúde atravessa. De forma global, é necessária mais gestão e operacionalização e menos ideologia, procurando nomeadamente soluções testadas com sucesso em outros países europeus.
Em particular, e de acordo com a minha perspetiva pessoal e profissional, destaco como um dos grandes desafio da Saúde priorizar a prevenção da doença (não apenas o tratamento), numa população crescentemente envelhecida. É imperativo assegurar que a longevidade que os tempos modernos nos trazem seja alcançada com qualidade de vida efetiva.
VS – E como olha para o estado da sua profissão?
CSP – Crescentemente relevante, insuficientemente reconhecida. Há ainda um caminho a percorrer, mas acredito que a Nutrição é cada vez mais vista como um pilar da saúde.
VS – A Nutrição, enquanto profissão jovem no nosso país, entrou na Assembleia da República em 2024 com Ana Gabriela Cabilhas. Os nutricionistas têm conseguido impor-se na sociedade ou ainda existe um longo caminho para o reconhecimento da profissão? De que forma um nutricionista pode acrescentar um saber diferente ao Parlamento?
CSP – Há um caminho, mas estamos mais perto da meta! É fundamental que num parlamento estejam representadas todas as sensibilidades profissionais, regionais, culturais,… o resultado legislativo deve traduzir-se num contributo rico e diversificado. Cabe aos Nutricionistas dar o seu contributo com a visão que nos é comum.
VS – Porque escolheu a Nutrição como área de formação?
CSP – Acredito genuinamente na célebre frase “somos o que comemos”, que uma boa alimentação é a melhor forma de autocuidado que podemos ter. E esta crença acompanha-me desde muito nova, desde que me lembro de ser criança e de estar na horta dos meus avós!
Após alguns anos de exercício profissional, essa crença tem vindo a ser reforçada: a alimentação (o que comemos, como comemos,…) é um fator controlável que a ciência mostra ser cada vez mais relevante na prevenção da doença e no assegurar de um bom estado de saúde global ao longo da vida.
VS – Como descreve o seu percurso profissional?
CSP – Após concluir a Licenciatura em Ciências de Nutrição (Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto), a minha primeira área de interesse foi a Nutrição Clínica, exercendo maioritariamente nesta área desde então. Contudo, a área Comunitária é também apelativa para mim, pela intervenção direta junto das populações, desenvolvendo ocasionalmente ações em meio escolar, em lares e outras instituições.
Num passado mais recente, fruto de um crescente interesse pela área do envelhecimento e por trabalhar cada vez mais numa franja da população acima dos 65 anos, decidi tirar a Pós-Graduação em Nutrição e Envelhecimento (Universidade Católica – Escola Superior de Biotecnologia).
Neste momento, exerço no Hospital da Luz (Clínica do Porto) e tenho um projeto pessoal na área da Nutrição (acompanhamento nutricional, personal shopper, sessões de healthy cooking e palestras).
VS – Que mensagem quer deixar aos colegas nutricionistas?
CSP – A área da Nutrição é um pouco permeável a modas e tendências, é fácil sentir que há demasiados “treinadores de bancada”. Num tempo de desinformação, o conhecimento científico é precioso. E essa é a arma dos Nutricionistas, o exercício profissional assente no real e mais atualizado conhecimento científico.
A causa dos nutricionistas é nobre: somos um real motor da prevenção e tratamento da doença.