Investigadores da UPorto desenvolvem estudo sobre estado nutricional dos idosos 660

11 de Março de 2016

Investigadores da Universidade do Porto (UPorto) estão a desenvolver um estudo sobre o estado nutricional dos idosos para capacitar os profissionais de saúde e os cuidadores para uma maior vigilância e uma diminuição da desnutrição desta faixa etária.

O Pronutrisenior «é uma abordagem holística que abrange as diversas áreas da vida dos idosos, no seu meio ambiente», indicou a investigadora da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da UPorto (FCNAUP), Maria Daniel Vaz de Almeida, em declarações à agência “Lusa”.

Com este estudo, iniciado em maio de 2015, pretende-se «identificar as principais barreiras e problemas associados à alimentação e nutrição das pessoas com 65 e mais anos para que estas se mantenham autónomas», explicou a coordenadora do projeto.

Para tal, os investigadores estão realizar uma avaliação da comunidade, através de entrevistas individuais, em que os idosos são questionados sobre os aspetos gerais da vida, da saúde, da atividade física e dos hábitos alimentares, incluindo aspetos culturais e sociais da alimentação bem como aquisição e preparação de alimentos e refeições.

O estado nutricional e a composição corporal da população idosa também estão a ser avaliados.

Desta forma os investigadores pretendem obter a informação necessária para integrar nos materiais educativos que servem de apoio aos programas de formação dos profissionais de saúde e outros indivíduos que trabalham na comunidade na área da gerontologia.

Numa primeira fase do estudo, a equipa efetuou um levantamento dos estabelecimentos de alimentação, que possam participar no abastecimento alimentar dos idosos, como é o caso dos supermercados, mercearias, pomares, cafés, restaurantes, entre outros.

«Procuramos identificar qual a sensibilidade dos fornecedores para prestar este tipo de serviço», afirmou Maria Daniel Almeida, acrescentando que a finalidade é reconhecer os estabelecimentos que tenham uma atitude amigável com a população idosa, atribuindo-lhes, por exemplo, em selo ou um certificado.

Outro dos objetivos principais é a formação dos profissionais de saúde, das pessoas envolvidas na entrega de refeições ou no apoio domiciliário aos idosos e da própria população idosa, informou Rui Poínhos, membro da equipa de investigação.

Determinar o ambiente geofísico que envolve a população idosa, através da georreferenciação das habitações, da exposição ao sol, da inclinação das ruas e da iluminação, é outra das componentes do estudo, que finaliza em outubro de 2016.

Os investigadores pretendem ainda criar vídeos que possam ser transmitidos em salas de espera dos centros de saúde ou em canais televisivos, para que as informações nutricionais cheguem ao maior número possível de idosos, nomeadamente com «baixa alfabetização e com problemas de visão», acrescentou a coordenadora.

O Pronutrisenior está a ser desenvolvido em parceria com a Unidade de Saúde Familiar (USF) Nova Via, do concelho de Vila Nova de Gaia, e os seus utentes idosos, residentes nas freguesias de Madalena, Valadares e Vilar do Paraíso.

A escolha deve-se à heterogeneidade da população idosa que vive nessa zona, em ambiente rural, semiurbano, litoral e interior, com diferentes níveis educacionais e socioeconómicos, o que permite a obtenção de dados abrangentes.

Neste estudo, financiado pelo EEAGrants – Iniciativas em Saúde Pública em 340 mil euros, participam investigadores da FCNAUP, da Faculdade de Letras da UP, da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade de Oslo e Akershus e da Escola de Ciências da Saúde da Universidade da Islândia.

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