De acordo com o projeto VITACOV, cerca de 60% da população portuguesa apresenta níveis de vitamina D em circulação muito baixos.
O projeto mostrou que pessoas com níveis de vitamina D muito baixos apresentam uma resposta muito agressiva à infeção covid-19, levando na sua grande maioria à morte, o que já tinha sido provado em resultados obtidos noutros países.
Foi também possível identificar uma associação entre características genéticas, em genes associados à vitamina D, e os baixos níveis da vitamina D em circulação, mostrando a relevância da genética neste contexto.
Contudo, um dos resultados mais relevantes apresentados prendeu-se com a caracterização pela primeira vez da genética da população portuguesa para a área da vitamina D. A comparação dos dados genéticos obtidos pelo projeto permitiu validar que a população Portuguesa tem uma prevalência de algumas alterações do genoma 4 vezes superior à média Europeia, que levam a uma predisposição genética para défice de vitamina D.
Este resultado é muito relevante e pode ajudar a compreender outros resultados científicos obtidos em 2020, onde foi possível demonstrar que cerca de 60% da população portuguesa apresenta níveis de vitamina D em circulação muito baixos, quando comparado com cerca de 20% da população finlandesa, por exemplo, para a mesma época do ano.
“Estes novos dados provam que não é correto supor que os países com mais exposição solar não apresentam problemas com deficiência de vitamina D, mostrando que a caracterização genética, a monotorização da vitamina D e a adoção de outras recomendações ao nível populacional devem ser implementadas”, indica o projeto VITACOV.
Este projeto avaliou, entre Agosto de 2020 e Janeiro de 2021, 517 doentes admitidos nas urgências dos Hospitais de Santa Maria em Lisboa e do São João no Porto.
O estudo foi coordenado pelo Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa em parceria com a empresa HeartGenetics, Spin-Off do Instituto Superior Técnico, com a Nova Medical School, com a Faculdade de Medicina do Porto, com o Instituto Gulbenkian da Ciência. O financiamento foi feito pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, no programa “Research 4 Covid-19 Apoio especial a projetos de implementação rápida para soluções inovadoras de resposta à pandemia de covid-19”.