Células estaminais contribuem para a remissão do Lúpus Eritematoso Sistémico 644

A propósito do Dia Mundial do Lúpus, que se assinalada no próximo dia 10 de maio, o laboratório português de criopreservação BebéVida lembra que as células mesenquimais do cordão umbilical possuem efeitos terapêuticos no Lúpus Eritematoso Sistémico (LES). Segundo a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, esta é uma doença que afeta 0,07% dos portugueses, frequentemente mulheres em idade reprodutiva.

Vários ensaios clínicos têm sido realizados para perceber o efeito do transplante de células mesenquimais no tratamento do LES e os resultados têm sido promissores, demonstrando que o sangue do cordão umbilical apresenta propriedades imunorreguladoras e efeitos terapêuticos em doenças autoimunes como o LES. Através dos estudos realizados, que envolveram a infusão de células mesenquimais do cordão umbilical, não só foi possível verificar melhorias serológicas e estabilização de citoquinas pró-inflamatórias, traduzindo-se numa diminuição significativa da doença, como também se identificou uma melhoria das manifestações sistémicas nos sistemas hematopoiético e cutâneo, conduzindo igualmente a uma melhoria renal.

Embora vários estudos apontem para as potencialidades terapêuticas das células mesenquimais do cordão umbilical, alguns dos mecanismos subjacentes permanecem desconhecidos. Como tal, várias linhas de investigação são conduzidas com o objetivo de os perceber. Exemplo disso foi o estudo levado a cabo pela equipa de Zhuoya Zhang, apresentado em 2019, que avaliou o efeito das células mesenquimais do cordão umbilical no LES, revelando que tais células apresentam a capacidade de induzir a eliminação de células apoptóticas (células mortas) e, portanto, induzir imunossupressão.

Também a segurança da terapêutica com recurso a células mesenquimais é de igual importância, sendo realizadas investigações nesse sentido. É o caso do estudo apresentado por Liang e a sua equipa, em 2018, em que 404 doentes com patologia autoimune (Lúpus Eritematoso Sistémico, Síndrome de Sjögren e Esclerose Sistémica) foram tratados com infusões de células mesenquimais provenientes da medula óssea e maioritariamente do cordão umbilical. A conclusão foi que a infusão deste tipo de células é uma terapia segura para pessoas com doenças autoimunes, já que a taxa de mortalidade relacionada ao transplante foi de apenas 0,2%.

Segundo Andreia Gomes, responsável pela unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) do banco de tecidos e células estaminais BebéVida, “a terapia atualmente usada para o tratamento do LES tem como objetivo a indução da remissão. São usados fármacos anti-inflamatórios, corticosteróides – devido às suas propriedades anti-inflamatórias, que constituem o pilar do tratamento de várias doenças autoimunes sistémicas –, imunossupressores, entre outros”.

No entanto, caraterísticas como a baixa imunogenicidade (ausência de administração de imunossupressores para infusão), a capacidade de “homing” (migração para os locais de inflamação após infusão), e principalmente as propriedades imunomodulatórias (que conferem um ambiente anti-inflamatório), associadas à segurança da sua infusão, fazem das células mesenquimais do tecido do cordão umbilical uma significativa opção terapêutica para doenças autoimunes como o LES.

O LES é uma doença crónica e multissistémica caraterizada por anormalidades nas células T e B e pela produção de anticorpos contra componentes do próprio organismo que podem causar lesões em diversos órgãos. Em aproximadamente 75% dos casos, o início da patologia ocorre entre os 16 e os 49 anos, mas a doença pode também ocorrer em crianças ou em indivíduos com mais de 65 anos. A sua evolução é incerta, podendo apresentar-se constante durante vários anos ou evoluir rapidamente intercalando-se com períodos de remissão. A manifestação clínica é variável de doente para doente. Na maioria dos casos apresentam-se manifestações cutâneas e/ou articulares (90%). Alguns doentes podem apresentar manifestações de maior gravidade, tais como alterações renais (37%) ou neuropsiquiátricas (18%).

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