Produção industrial de alimentos mata cinco milhões de pessoas até 2050 1597

28 de janeiro de 2019

Cinco milhões de pessoas por ano vão morrer por danos causados pela produção industrial de alimentos até 2050, conclui um relatório da Fundação Ellen MacArthur, apoiada pela Fundação Gulbenkian, superando as mortes por obesidade e por acidentes de viação.

 

Apresentado no Fórum Económico de Davos, o documento refere que nos próximos 30 anos o número de mortes devido a fatores de produção industrial de alimentos será o dobro das causadas por obesidade e quatro vezes o número de mortes em acidentes de viação atualmente. Hoje em dia, adianta o estudo, a produção de alimentos é responsável por quase um quarto das emissões de gases com efeito estufa, menciona o site “O Observador”. 

 

Como proposta de resolução do problema, o relatório avança um sistema alimentar circular para as cidades, onde o cultivo de alimentos é regenerativo e, sempre que possível, local. «As cidades são fundamentais para esta revolução alimentar», alerta, referindo que, em 2050, será nas cidades «que se consumirão 80% dos alimentos produzidos em todo o mundo», o que «lhes confere o poder de conduzir a mudança para este sistema saudável». 

 

O estudo teve por base números e estatísticas globais, fazendo foco em quatro cidades: Bruxelas, Guelph, São Paulo e Porto. Como é concluído, os esforços das cidades para eliminar o desperdício e melhorar a saúde através desta economia circular podem economizar cerca de 2,3 biliões de euros por ano à economia global. Segundo o documento, o desperdício será eliminado através da melhor redistribuição e uso de coprodutos, e os alimentos saudáveis são produzidos sem a necessidade de práticas prejudiciais. A Fundação Ellen MacArthur foi criada em 2010 com o objetivo de acelerar a mudança para esta economia circular, que elimina o conceito de resíduo e constrói capital económico, natural e social através de três princípios: a reconstrução do capital natural, a manutenção dos produtos e materiais em utilização, e a eliminação da poluição e dos resíduos.

 

«Os gastos com a saúde, causados pelo uso de químicos e pesticidas, diminuiriam em 465 mil milhões de euros por ano, e a resistência antimicrobiana, a poluição do ar, a contaminação da água e as doenças transmitidas por alimentos reduziriam significativamente», revelam as fundações no relatório.

 

A emissão de gases de efeito estufa poderiam diminuir o equivalente a retirar permanentemente mil milhões de carros da estrada, informa o relatório, considerando ainda que, no sistema circular, a degradação de 15 milhões de hectares de solo arável seria evitada e 450 biliões de litros de água doce seriam economizados anualmente.