Onde estamos e para onde caminhamos? 1436

As doenças não transmissíveis são uma das maiores causas de morte no planeta, e a saúde da população mundial ainda não se encontra num bom caminho no que a isto concerne. Em Portugal, sabemos que mais de metade da população apresenta excesso de peso e obesidade. Sabemos ainda que a prevalência de obesidade infantil parece estar a atingir um plateau. A adesão das famílias portuguesas ao padrão alimentar mediterrânico ainda se encontra longe do que seria o ideal. Relativamente a legislação e medidas de saúde pública neste âmbito, Portugal tem vindo a trabalhar neste sentido, mas ainda não é suficiente.

O rácio de Nutricionistas nos quadros públicos é incrivelmente deficitário, o que gera uma grande preocupação na medida em que são estes os profissionais que atuam na orientação e vigilância da nutrição e alimentação da população, para que se promova a saúde e o bem-estar e se previna a doença. Os hábitos alimentares inadequados são dos fatores de risco mais elevados na perda de anos de vida saudável. Ainda assim, vemos que um concurso público para a contratação de nutricionistas aberto em 2018 ainda não está finalizado, deixando os poucos Nutricionistas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) sobrecarregados, e obrigando a população a procurar alternativas no setor privado.

Um case-study holandês mostrou que para além da terapêutica nutricional estar em linha com melhorias na saúde e no estado nutricional, demonstrou ainda que este poderá também proporcionar benefícios económicos. Em Portugal, com uma das populações mais envelhecidas no Velho Continente, é urgente tomar medidas e investir cada vez mais nesta área – a população em idade ativa é cada vez menor, e todos sabemos que a população idosa precisa de mais cuidados de saúde. A aposta na prevenção da saúde é urgente para uma maior sustentabilidade do SNS.

A situação que vivemos atualmente, com uma população com diversas co-morbilidades e uma nova doença contagiosa, fez o cocktail que vivemos hoje. Um cocktail que vê hipertensos e diabéticos sob o chapéu de doentes de risco para a Covid-19. Em 2017, estimava-se que a prevalência de hipertensão arterial em Portugal fosse de 36%, com maior incidência no grupo populacional mais idoso.

O Nutricionista, em qualquer que seja a sua área de atuação, é o profissional capaz de atuar a nível da promoção da saúde, prevenção e tratamento da doença através da avaliação, diagnóstico, prescrição e intervenção alimentar e nutricional . A sua presença junto da comunidade é fundamental e a cada dia mais necessária para uma população mais consciente e saudável.

Diogo Oliveira dos Santos, Patricia Rodrigues e Rafael Torres
Direção da Associação Nacional de Estudantes de Nutrição (ANEN)

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