Maioria dos cereais de pequeno-almoço tem elevado teor de açúcar 1561

Um estudo da Direção-Geral da Saúde, divulgado na segunda-feira (20), revelou elevados teores de sal nos produtos de charcutaria e de açúcar na maioria dos cereais de pequeno-almoço disponíveis no mercado.

O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da DGS, cujo relatório anual foi divulgado na segunda-feira, analisou a composição nutricional de 2.743 produtos alimentares, sendo que a maioria pertencia às categorias dos produtos lácteos frescos e sobremesas (29%) e refrigerantes e outras bebidas (27%).

Em declarações à agência Lusa, a diretora do PNPAS, Maria João Gregório, afirmou que se pode tirar desta análise “algumas conclusões que são relevantes”, nomeadamente que os produtos de padaria embalados já têm teores médios de sal que não são muito superiores a um grama de sal por 100 gramas de produto, o limite estabelecido com a indústria e com os setores da distribuição e da panificação.

Segundo a análise, dos 101 produtos de pastelaria doce e dos 128 produtos de padaria avaliados, verificou-se que 42% (54) tinham um teor de sal superior a 1g/100g (valor definido no acordo para a reformulação dos produtos alimentares para o teor máximo de sal no pão).

Contudo, assinalou a nutricionista, há outras categorias que é preciso melhorar, nomeadamente nos produtos de charcutaria e nos cereais de pequeno-almoço, em que foram detetados, respetivamente, valores elevados de sal e de açúcar.

Dos 308 cereais de pequeno-almoço analisados, a maioria (186) apresentava um valor superior a 15 gramas de açúcar por 100 gramas de produto (valor de corte definido pelo Modelo de Perfil Nutricional Português para as restrições à publicidade alimentar dirigida a menores de 16 anos).

“Por outro lado, destaca-se que 92% dos cereais de pequeno-almoço (284) apresentam um teor de sal inferior a 1 g por 100 g, valor máximo definido para esta categoria de produtos no compromisso para a reformulação dos produtos alimentares realizado entre a DGS e a indústria alimentar e de distribuição”, salienta o relatório.

Segundo Maria João Gregório, também existe um acordo com a indústria para reduzir o teor médio de açúcar, caminho que está a ser percorrido, embora seja necessário continuar a trabalhar com estes setores para que no futuro o mercado possa ter produtos com “um perfil nutricional mais adequado”.

Dos 598 produtos de charcutaria e similares analisados, 88% apresentava um teor de sal superior a 1,5 g/100 g, o que corresponde a um elevado teor de sal, “sendo a média do teor de sal para esta categoria consideravelmente superior a este valor (2,83 g/100 g)”, segundo o documento.

Foram também analisados 640 iogurtes e 90 sobremesas lácteas ou similares. No caso dos iogurtes com adição de açúcar, verificou-se um teor médio de açúcar de 13,35 gramas por 100 g, valor superior ao definido para esta categoria.

A diretora do programa da DGS explicou que esta análise faz parte de um sistema de monitorização europeu e foi realizada em Portugal e em mais 13 países da União Europeia.

O objetivo é conseguirmos estabelecer um sistema europeu que permita monitorizar a composição nutricional dos alimentos porque a recomendação é que os países adotem medidas para melhorar o perfil nutricional destes produtos, salientou.

Uma das medidas previstas no PNPAS 2022-2023 é a adoção de um sistema de rotulagem nutricional simplificado na parte da frente da embalagem dos produtos alimentares, tendo a análise verificado que cerca de 25% dos produtos analisados apresentam já um sistema.

Dos produtos que possuem rotulagem nutricional simplificada, a maioria utiliza o Nutri-Score (40%), seguido do Rótulo de Doses de Referência (31%) e do Semáforo Nutricional (28%)