Itália lança iniciativa para coordenar ajuda alimentar a Gaza com agências da ONU 1111

Itália lança esta segunda-feira a iniciativa “Food for Gaza” (“Alimentos para Gaza”, em português), com o objetivo de coordenar a ajuda alimentar no enclave com as agências especializadas da ONU e Cruz Vermelha, divulgou esta quinta-feira o Governo italiano.

“Devemos garantir que toda a ajuda alimentar necessária chegue à Faixa [de Gaza]”, sublinhou o chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, citado num comunicado, a que a Lusa teve acesso.

“Queremos promover uma iniciativa humanitária coordenada (…) para facilitar o acesso à ajuda alimentar, aliviar o sofrimento da população e garantir a segurança alimentar na Faixa de Gaza”, acrescentou.

Esta iniciativa inclui o Programa Alimentar Mundial (PAM), a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV).

“O conflito em curso causou um nível dramático de insegurança alimentar, cujo agravamento poderá levar à fome dentro de dois meses, com consequências ainda mais trágicas para os civis, especialmente mulheres e crianças”, alertou o ministro.

A situação na Faixa de Gaza é tão terrível que as Nações Unidas alertaram que a fome é “quase inevitável”.

Cerca de 90% das crianças dos 6 aos 23 meses, bem como das mulheres grávidas e lactantes, enfrentam graves carências alimentares, segundo uma aliança de organizações não-governamentais (ONG) liderada pela Unicef e pelo Global Nutrition Cluster.

Estas organizações culpam um bloqueio à entrada de ajuda humanitária por parte de Israel, que combate o Hamas.

No ataque de 07 de outubro do movimento islamita Hamas em território israelita junto à Faixa de Gaza, foram mortas cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 30.000 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes – e feridas pelo menos 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, mais de 400 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico. Também foram registadas 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.

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