Entrada de alimentos suspensa em Rafah e hospital sob assalto israelita no norte de Gaza 1312

A agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) anunciou na terça-feira (21) a suspensão da entrada de alimentos em Rafah por motivos de segurança, enquanto era anunciado novo ataque israelita a um hospital no norte de Gaza.

A UNRWA considerou que os ataques e a presença de tanques israelitas em Rafah, extremo sul da Faixa de Gaza, impedem o acesso ao centro de distribuição desta organização e ao armazém do Programa Alimentar Mundial (PAM), originando o fim do fornecimento de alimentos nessa zona pelas duas instituições.

“A operação militar israelita em Rafah está a prejudicar diretamente a ação dos organismos de ajuda para disponibilizar recursos humanitários críticos em Gaza”, informou a UNRWA em comunicado, citado pela Lusa.

Apenas sete dos 24 centros médicos permanecem operacionais no território, e nos últimos dez dias não receberam qualquer material, enquanto a ajuda alimentar que atravessa a passagem fronteiriça de Rafah, na fronteira com o Egito, permanece muito condicionada.

“Entre 13 e 19 de maio, a passagem apenas esteve aberta dois dias”, precisou a UNRWA.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também denunciou que o hospital de Al Awda na localidade de Jabalia, norte da Faixa de Gaza, está sob cerco absoluto desde há três dias e que no seu interior permanecem 148 trabalhadores e 22 doentes e acompanhantes.

“O pessoal médico referiu-se a fogo intenso esta manhã, a ataques de atiradores furtivos para que ninguém se aproxime de nenhuma janela e a um obus de artilharia que atingiu o quinto andar”, indicou em videoconferência o chefe do gabinete da OMS nos territórios ocupados, Rick Peeperkorn.

Este é o segundo assalto das forças israelitas a este hospital desde o início da atual guerra em Gaza. No primeiro assalto foram mortos 14 funcionários e dezenas de membros do pessoal e voluntários ficaram feridos.

Peeperkorn também confirmou que as reservas da OMS, em particular combustível, estão no limite.

“São necessários 200.000 litros por dia, e enfrentamos decisões quase impossíveis, como a de entregar combustível a uma padaria [restam cinco em funcionamento em Gaza] ou a um hospital”, disse.

Ainda na terça-feira, foi também confirmada a retirada de doentes, pessoal médico e deslocados do hospital Kamal Adwan, próximo do primeiro e onde se têm intensificado os bombardeamentos.

Este hospital, que possui uma unidade pediátrica que atende crianças subnutridas, também recebeu numerosos feridos devido a um novo deslocamento de forças israelitas para o norte de Gaza, uma área que tinham abandonado para concentrar o seu poder de fogo no sul do território.

Segundo a OMS, estes dois hospitais são os únicos que funcionam atualmente no norte de Gaza.