Investigadores do Porto criam testes para certificar produtos alimentares 748


28 de maio de 2018

Investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) criaram uma startup que produz testes e kits para identificar e certificar produtos alimentares, efetuar análises forenses e detetar agentes patogénicos e espécies invasoras.

 

«A nossa ideia é fornecer aos utilizadores a possibilidade de saber qual a espécie de qualquer amostra biológica que estes queiram analisar», disse à agência Lusa Filipe Pereira, líder do projeto e investigador no CIIMAR.

 

As soluções desenvolvidas pela startup (empresa de base tecnológica em fase de desenvolvimento) Identifica, que realiza igualmente análise de amostras no seu laboratório, podem ser utilizadas por laboratórios, por empresas e pela comunidade em geral.

 

Segundo o coordenador, esses testes e kits são o resultado de dez anos de investigação na área da genética populacional e forense, na Universidade do Porto, «apresentando características únicas, nomeadamente na identificação de amostras degradadas e processadas».

 

«A grande vantagem é termos desenvolvido kits que funcionam em amostras degradadas e com misturas de diferentes espécies», como é o caso dos produtos alimentares processados e das amostras ambientais, frisou.

 

Essa vantagem, continuou, resulta do facto de a equipa efetuar investigação na área da genética forense, onde essa é «uma característica fundamental».

 

«Os nossos kits estão desenhados para darem resultados quando as amostras têm pouco DNA, situações em que, através de outras técnicas, não se consegue obter qualquer resultado», acrescentou.

 

Por outro lado, enquanto «a maioria das empresas no mercado fornece testes para humanos», os responsáveis pela Identifica estão «focados em identificações biológicas em DNA de outros animais, plantas, bactérias e fungos».

 

Em breve, a equipa espera lançar um serviço para deteção de DNA de animais em amostras alimentares e vestuário, tendo como público-alvo os utilizadores vegan.

 

No futuro, pretendem também tornar os kits portáveis, permitindo ao utilizador fazer a identificação em qualquer local, trabalho que está a ser desenvolvido em parceria com o International Iberian Nanotechnology Laboratory (INL), em Braga.

 

Segundo Filipe Pereira, essa é uma inovação que «ainda não existe, em nenhuma parte do mundo».

 

Ainda no doutoramento em genética populacional, no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, o investigador desenvolveu kits para identificar espécies, investigação que continuou no CIIMAR, resultando em diversos testes genéticos, como um para deteção do salmão transgénico.

 

O projeto Identifica conquistou o segundo lugar na edição deste ano do Business Ignition Programme (BIP), um programa que visa dotar os participantes de competências relevantes para darem resposta a desafios e oportunidades de mercado.

 

O BIP, promovido pela U.Porto Inovação, pelo CIIMAR e pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência da Universidade do Porto (INESC TEC), é financiado pelo Norte 2020, Portugal 2020 e União Europeia.

 

A startup identifica, que realiza trabalhos em parceria com outras entidades, como a Sociedade Internacional de Genética Forense, está incubada no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto.

 

 

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