Investigadores criam tecnologia para evitar conservantes químicos nos alimentos 731


17 de agosto de 2017

Uma tecnologia para conservar os alimentos sem recurso a tratamento térmico nem substâncias químicas foi desenvolvida por investigadores do Porto com o intuito de gerar produtos mais seguros, mantendo a sua frescura e sabor.

A finalidade desta tecnologia é «produzir alimentos mais frescos e saudáveis, que sejam benignos tanto para a saúde como para o ambiente», disse à “Lusa” o investigador Norton Komora, da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica, do Porto, uma das entidades responsáveis pelo projeto.

Para além disso, com este projeto, pretende-se responder «às novas tendências biológicas e ao perfil cada vez mais “conscious consumer” (consumidor consciente) a nível mundial», indicou.

De acordo com o investigador, muitos dos alimentos processados são submetidos a tratamentos com altas temperaturas (alguns acima dos 70 graus centígrados), como a pasteurização, com o propósito de reduzir ou eliminar a carga microbiana potencialmente nociva à saúde dos consumidores, garantindo a sua segurança alimentar.

No entanto, apesar de a aplicação do calor proporcionar um «alimento seguro», esta tem «um impacto negativo nas características associadas à sua frescura e sabor».

A tecnologia, desenvolvida no âmbito do projeto Bio-Cold Pasteurization, promove a inativação microbiana através da utilização sinérgica de agentes antimicrobianos naturais e alta pressão, a uma temperatura máxima de 20 graus centígrados.

Numa primeira fase, explicou o investigador, os agentes antimicrobianos naturais são incorporados nos alimentos, sendo depois embalados e submetidos a condições mínimas de alta pressão e temperatura de refrigeração.

A tecnologia, que demorou cerca de dois anos a ser desenvolvida, pode ser aplicada a uma vasta gama de alimentos, «diferenciando-se pela sua capacidade de gerar uma multiplicidade de ‘cocktails’ de agentes antimicrobianos, formulados à medida, que levam à inativação de diversos agentes patogénicos em diferentes tipos de alimentos», acrescentou Norton Komora.

A ideia para este projeto surgiu da necessidade de atingir a ausência de bactérias patogénicas em alimentos tradicionais que não podem sofrer processamento térmico, pois perdem as suas principais características, como é o caso dos queijos de leite cru, dos produtos de charcutaria frescos e fermentados e dos mariscos.

Para além de Norton Komora participam no projeto os investigadores Cláudia Maciel, Paula Teixeira e Sónia Marília Castro, da ESB, e Jorge Saraiva, do Departamento de Química da Universidade de Aveiro.

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