Farmácia de luto: Morreu Maria Odette Santos Ferreira 1057

 

 

8 de outubro de 2018

Maria Odette Santos Ferreira faleceu ontem, em Lisboa, com 93 anos, revelou a Ordem dos Farmacêuticos. As cerimónias fúnebres decorrem, hoje, a partir das 19 horas, na Igreja do Campo Grande. Amanhã, pelas 15 horas, celebra-se missa, com o funeral a seguir para o Cemitério do Alto de São João.

Nascida em Lisboa, a 4 de junho de 1925, licenciou-se em Farmácia (1970), doutorou-se na Universidade de Paris Sud (França) e tornou-se professora catedrática de Microbiologia em 1987.

Para além da sua dedicação à docência, a investigação ocupou igualmente um enorme destaque na sua vida, em especial o estudo da infeção do VIH/sida – de entre muitos feitos, enaltece-se a identificação do VIH de tipo 2 num doente guineense internado no Hospital Egas Moniz através da colaboração estabelecida com o Instituto Pasteur, bem como pelo estudo e luta da referida patologia em Portugal.

Maria Odette Santos Ferreira presidiu a Comissão Nacional de Luta Contra a Sida (1992 – 2000), esteve na origem da criação do primeiro programa de troca de seringas (“Diz Não a uma Seringa em Segunda Mão”, em 1993), contactou de perto com doentes e com responsáveis políticos, sensibilizando-os para os riscos que o VIH/sida envolvia, e foi responsável por outros tantos projetos relacionados com o VIH/sida.

Todas as homenagens que lhe foram feitas em vida não terão sido suficientes.

A FARMÁCIA DISTRIBUIÇÃO atribuiu-lhe o primeiro Prémio Almofariz de Figura do Ano, em 1996.

Entre outras distinções, foi nomeada pelo governo francês, em 1975, “Chevalier dans l’Ordre des Palmes Academiques”, pelo seu desempenho no fortalecimento da cooperação científica entre Portugal e França, e, em 1987, “Chevalier de la Légion d’Honneur”, pelo talento e mérito que a levaram a uma descoberta da maior relevância no quadro das investigações do VIH/ sida.

Em território nacional, foi agraciada pela Presidência da República, em 1988, com o “Grau de Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago de Espada”, pelo renome internacional que muito contribuiu para o prestígio de Portugal.

Também a Ordem dos Farmacêuticos reconheceu o seu vasto trabalho, prestígio e dedicação à profissão atribuindo-lhe, em 1989, a sua Medalha de Honra, e, em 2006, foi agraciada com o Prémio Universidade de Lisboa; em 2010, a Ordem criou o Prémio de Investigação Científica Professora Doutora Maria Odette Santos Ferreira, com propósito de contribuir para a promoção e dinamização da investigação em Saúde Pública por farmacêuticos em Portugal. Já em 2012 recebeu a Medalha de Ouro da Ordem dos Farmacêuticos e, em 2013, o colar do Prémio Nacional de Saúde.

Em 2016, foi distinguida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) com a Medalha de Mérito pelo seu “valioso e excecional contributo para o desenvolvimento da ciência ou da cultura científica em Portugal”.

No final de 2017 foi homenageada pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, enquanto professora catedrática jubilada. Por essa altura, terá confessado que esta distinção foi a que mais lhe tocou o coração, por ter partido de uma ideia dos alunos, a “luz dos seus olhos” e por se tratar de um tributo “da sua casa” e “na sua casa”.

No início deste ano, foi também condecorada pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, o mais alto grau desta Ordem de Mérito portuguesa, que se destina a galardoar serviços prestados à causa da Educação e do Ensino.

A revista  Viver Saudável e toda a sua equipa apresentam as suas condolências à família e amigos de Maria Odette Santos Ferreira, uma figura ímpar da Farmácia portuguesa.

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