Crescente interesse pela Nutrição e consequente desinformação e iliteracia 1644

Atualmente, sabe-se que a alimentação inadequada é o principal determinante do estado de saúde. Se anteriormente, a escassez de informação era prevalente, hoje em dia, a maior parte da população tem acesso a toda a informação científica no que diz respeito à forma de se alimentar.

Paralelamente, tem sido crescente o interesse pela área da Nutrição e Alimentação, em que o objetivo da maior parte dos indivíduos é ter um estilo de vida dito “saudável”, onde reside uma grande preocupação com a forma física, bem-estar e saúde no geral.

Assim, surge uma maior necessidade do consumidor em se manter informado, podendo à distância de um clique, aceder às mais diversas plataformas digitais. Plataformas estas, de livre acesso, onde existe um sem-fim de informação que muitas vezes propaga ilusões, não tendo qualquer suporte de evidência científica, levando a que as pessoas se rejam por premissas completamente obsoletas.

A questão da pandemia pela COVID-19 veio intensificar todo este sistema, uma vez que todos ficámos ainda mais “confinados” aos nossos ecrãs, aumentado a propensão do público em aceder a estas plataformas digitais e, consequentemente, a crescente partilha desenfreada de informações sobre Nutrição.

Todo este processo é ainda mais difundido, uma vez que, grande parte das vezes, somos levados pela facilidade de leitura e pelo pouco tempo que dispomos para ler o texto na íntegra, gerando conclusões e publicações de posts que põem em causa, erradamente, a forma de atuação dos Nutricionistas, valorizando meras opiniões ou experiências pessoais de personalidades influentes que são colocadas nas redes sociais, sem qualquer escrutínio.

Assim, torna-se cada vez mais difícil filtrar e selecionar a informação fidedigna, prevalecendo, de um modo geral, a informação de muito má qualidade, permanecendo pouco visível e de difícil acesso a informação verdadeiramente importante.

Por fim, questionamos se a constante informação que é partilhada nas redes sociais, será efetivamente benéfica tendo em conta a sua credibilidade. Será, de facto, feita uma transmissão de informação que proporciona maior autonomia em relação a escolhas alimentares mais saudáveis? Será que não estamos a preferir quantidade a qualidade? Será que a extensão de tanto conhecimento está mesmo a proporcionar aumento da literacia na população? Ou está-se a propagar cada vez mais desinformação?

Ana Teresa Machado e Patrícia Rodrigues
ANEN – Associação Nacional de Estudantes de Nutrição

Envie este conteúdo a outra pessoa