Afinal devemos ou não consumir regularmente peixe? 1435

Amado por uns, odiado por outros, o peixe tem assumido um papel fundamental na tradição alimentar dos portugueses. Segundo dados do EUROSTAT, Portugal é o país que apresenta maior consumo de peixe per capita entre os países da União Europeia.

Na pirâmide da dieta mediterrânica o pescado ocupa um lugar de destaque, inserido no grupo dos alimentos que devem ser consumidos semanalmente, com a sugestão de consumo de duas ou mais porções por semana.

O consumo regular de pescado está geralmente associado a um padrão de alimentação saudável, uma vez que nutricionalmente é rico em proteínas de alto valor biológico e ácidos gordos ómega-3 e é também fonte importante de minerais, como o potássio, o fósforo, o iodo e o selénio, e de vitaminas A, D e B12. O pescado apresenta vários benefícios para a saúde humana, designadamente, a prevenção de doenças cardiovasculares nos adultos e o desenvolvimento neurológico do feto e das crianças. Contudo, é também conhecida a possibilidade da presença de contaminantes químicos, que podem causar efeitos adversos na saúde. Estes incluem o metilmercúrio e outros poluentes como as dioxinas e os bifenilpolicloratos (PCBs).

A concentração de nutrientes e de contaminantes varia significativamente entre as diferentes espécies de peixes sendo influenciada por diversos fatores, tais como as condições ambientais, idade, estação do ano, nível trófico, disponibilidade alimentar, processamento, teor de gordura, entre outros.

De acordo com a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e vários estudos de risco-benefício, os efeitos positivos do consumo de pescado superam os potenciais riscos para a saúde na população em geral, em particular, quando se diversifica o tipo de pescado/peixe consumido. Acresce ainda que as mulheres grávidas e as crianças devem priorizar espécies com baixo teor de contaminantes e com elevados teores de ácidos gordos.

A EFSA recomenda também que cada país considere o seu próprio padrão de consumo de pescado. Em Portugal, estudos de biomonitorização humana evidenciam que existe exposição de grupos populacionais ao metilmercúrio, devido ao elevado consumo de pescado. Como tal, torna-se essencial mitigar esta exposição investindo na informação disponibilizada à população mais vulnerável, acerca de quais as espécies menos contaminadas, de forma a que se possa continuar a usufruir dos benefícios do consumo de pescado.

Susana Santiago e Ana Cláudia Nascimento
Departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge

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