Portugueses consomem alimentos com menos ácidos gordos trans, mas com sal e gordura a mais 802

27 de Novembro de 2015

Os ácidos gordos trans (AGT), prejudiciais para a saúde, estão hoje menos presentes nos alimentos que os portugueses consomem, os quais apresentam, contudo, teores elevados de sal e gordura, revelou um estudo hoje apresentado.

A conclusão consta dos resultados preliminares de uma avaliação de ácidos gordos trans, gordura saturada e sal em alimentos processados, realizada por investigadores do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

O PtranSALT visou identificar as principais fontes alimentares de ácidos gordos trans, gordura saturada e sal, tendo analisado 360 amostras adquiridas em grandes superfícies e restaurantes fast food da região da grande Lisboa, entre 2012 e 2015.

Na apresentação dos resultados preliminares do relatório, a bolseira de investigação do INSA Tânia Albuquerque, que participou neste projeto, revelou que se verificou, nos alimentos analisados, «uma redução efetiva dos teores de AGT».

Esta descida foi especialmente acentuada em alimentos como línguas de veado (biscoitos), cream crackers, croissants, donuts, bolas de Berlim sem creme ou bolachas maria.

A diminuição destes AGT, que são prejudiciais para a saúde, também foi significativa nas batatas fritas de pacote, nas batatas fritas servidas em lojas de fast food e nas batatas fritas congeladas.

Nos croquetes, rissóis de camarão e chamuças também desceu a presença de AGT.

A propósito destes indicadores, a nutricionista Helena Cid, da multinacional Unilever, que entre outros produtos comercializa margarinas e cremes de barrar, sublinhou que esta diminuição da presença de AGT nos alimentos se deveu ao esforço da indústria que esteve atenta aos malefícios dos mesmos na saúde dos consumidores.

Helena Cid lamentou, contudo, que a legislação em vigor (Regulamento nº 1169/2011, da UE, do Parlamento Europeu e do Conselho de 25 de Outubro de 2011) não permita que seja possível o rótulo dos alimentos conterem informação relativa à presença de AGT.

No final da apresentação, Tânia Albuquerque sublinhou a importância desta diminuição, tendo em conta que o consumo de AGT está associado a doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e até cancro, citou a “Lusa”.

Ressalvando que estes são ainda resultados preliminares, a bolseira defendeu a continuidade da investigação, de modo a que os resultados da mesma possam ser fundamentados com dados de consumo.

Ao nível do sal, os resultados obtidos indicam que alguns alimentos ainda apresentam teores consideravelmente elevados.

Também algumas das amostras analisadas apresentam teores de gordura saturada elevados.

Tânia Albuquerque deu o exemplo de um croissant tipo francês, com manteiga, queijo e fiambre, o qual ultrapassa a dose de referência diária de sal recomendada.

Ao nível da gordura, este alimento apresenta mais de metade da dose de referência diária.

Ao nível dos bolos avaliados, a investigadora referiu o pastel de nata, o queque e a bola de Berlim, sendo o primeiro preferível em relação aos restantes, pois é o que tem menos gordura e o segundo com menos sal, enquanto a bola de Berlim é a que tem mais gordura e sal.