Novas tecnologias ao serviço da diabetes em discussão 1516

A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) e o Observatório de Prospectiva de Engenharia e da Tecnologia (OPET) realizaram, em Lisboa, um workshop sob o tema “Novo Modelo de Contratação Pública para Aquisição de Meios de Monitorização Continua de Glicose”. Em discussão estiveram a relevância dos sistemas de monitorização contínua de glicémia para os sistemas de saúde, bem como os modelos de contratação pública.

Maria de Belém Roseira esteve presente no discurso de abertura deste encontro e destacou a importância das novas tecnologias e da inovação ao serviço da saúde, nomeadamente no combate à fraude nos sistemas de saúde e na reformulação dos modelos de cuidados.

Num comunicado conjunto de ambas as associações, cita-se José Manuel Boavida, Presidente da APDP que fala sobre a incidência da diabetes no nosso país: «Em Portugal são diagnosticadas 200 pessoas por dia com diabetes, 500 pessoas com diabetes são sujeitas a internamento e 12 pessoas morrem diariamente devido à doença, o que implica que a forma como se olha para a diabetes tem de mudar. A dificuldade ou a falta de recurso a novas tecnologias é frequentemente apontada como um fator que entrava um maior desenvolvimento do combate às doenças, nomeadamente às doenças crónicas, como a diabetes. Por isso, a pressão das novas tecnologias já é uma realidade», referiu.

A reflexão sobre a forma como as novas tecnologias podem contribuir para o desenvolvimento do sistema de saúde foi também referida por José Manuel Boavida, Presidente da APDP, que fez notar o aumento exponencial dos números da diabetes, que afeta atualmente uma população ativa, o que implica a necessidade de uma resposta global que pode ser dada através de novas tecnologias e de um novo modelo de gestão da doença. Essa mudança permitiria, segundo o presidente, uma melhoria da qualidade de vida e bem-estar das pessoas e uma eventual diminuição de custos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A confirmação que não é possível gerir a diabetes na próxima década com o modelo atual e demonstrar que se pode retirar os benefícios adjacentes dos novos meios tecnológicos para melhorar a evolução da saúde com apoio público e sem incremento da despesa para o SNS, foi também referido pelo Presidente da OPET, Luís Valadares Tavares, que defendeu o modelo GLICAT (Novo Modelo de Contratação Pública para a Aquisição de Meios de Monitorização Contínua da Glicose), para reformular o sistema de saúde. Sugere ainda a existência de redes distribuídas e domiciliadas da gestão da saúde de cada doente, em alternativa à rede hospitalar centralizada.

«A conceção da centralização da saúde não é compatível com a economia digital. Um modelo em rede centrífuga, dado que a lógica da economia digital é uma economia distribuída, implica poupança para o SNS e será mais eficiente na gestão da doença e na melhoria da qualidade de vida dos doentes», descreve Luís Valadares Tavares.

A influência de tecnologias inovadoras na qualidade de vida, a integração em toda a comunidade envolvida na doença e a importância da humanização no tratamento da doença foi também debatida pelos participantes deste encontro que incluiu pessoas com diabetes, profissionais da saúde, da gestão pública, das tecnologias, dos prestadores de serviços, dos vendedores de equipamentos e das universidades.

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