Deco analisou oferta de consultas de nutrição em clínicas e farmácias e “ficou satisfeita com o que viu” 1907

A Deco Proteste, conhecida organização de defesa do consumidor portuguesa, realizou um estudo com o intuito de analisar a oferta de consultas de nutrição proporcionadas por clínicas e farmácias.

Ao todo foram analisados, por três funcionárias da Deco de forma anónima, três cenários em 14 clínicas e farmácias de Lisboa. No total, foram avaliadas 37 consultas de nutrição em 14 clínicas e farmácias de Lisboa, e foram descartadas três consultas. Só uma das consultas foi online.

Segundo a organização de defesa do consumidor, “em regra, ficámos satisfeitos com o que vimos. A maioria dos nutricionistas visados fizeram uma correta avaliação das nossas três colaboradoras, que receberam uma intervenção nutricional, as mais das vezes, adequada aos seus perfis e às suas necessidades. Ainda assim, frequentemente, esqueceram-se de quantificar as porções a ingerir”.

Para este estudo a organização considerou alguns “indicadores das entidades reguladoras, como a Ordem dos Nutricionistas, quanto às boas práticas para a realização de consultas de nutrição presenciais e online”.

Foram analisadas a intervenção nutricional, a venda de suplementos alimentares e os preços das consultas. “Após cada consulta, as colaboradoras preencheram um inquérito”, explica a Deco, no seu portal.

Foi também concebido um cenário para cada funcionária: “a primeira, com índice de massa corporal superior a 30 kg/m2, ou seja, numa situação de obesidade, pretendia emagrecer, pelo menos, 20 quilos… mas em dois ou três meses. A perda de peso era altamente recomendada neste caso, mas não tantos quilos em tão pouco tempo. Havia que traçar objetivos realistas. Por exemplo, perder 500 gramas a um quilo por semana é concretizável e traz benefícios para a saúde. Por sua vez, a colaboradora com índice de massa corporal inferior a 18,5 kg/m2, bastante magra, pretendia ver-se livre de quatro quilos. A atitude correta seria demovê-la de tal objetivo. O último cenário apontou a mira aos efeitos da pandemia. Queixando-se de ter aumentado três a quatro quilos num ano e meio de confinamentos, a terceira paciente gostaria de regressar ao peso inicial”.

Durante as consultas, foram vários os pontos avaliados, todos de forma correta: a relação entre peso e altura, o historial clínico-nutricional e os hábitos alimentares, contudo com alguns reparos.

“A relação entre peso e altura, para determinada idade, é a trave-mestra de qualquer regime alimentar. Em todas as consultas online, os nutricionistas tiveram a preocupação de questionar ou dar indicações que lhes permitissem fazer esta avaliação antropométrica. Mas atribuímos nota máxima aos que perguntaram ainda sobre valores recentes e perímetro da cintura e da anca. Nas versões presenciais, deveriam ser os nutricionistas a fazer as medições, o que aconteceu sempre. Mas, em relação à altura, a maioria limitou-se a perguntar. Ora, no caso da colaboradora abaixo do peso normal, deveriam ter sido feitas medições, importantes para o cálculo do índice de massa corporal. Sem valores rigorosos, a intervenção nutricional pode não ser adequada”, explica a Deco.

Depois de investigadas estas áreas do paciente, o “nutricionista deve fazê-lo compreender que só o pode guiar na conquista dos seus objetivos. Para tal, tem de saber que objetivos são esses, se são realistas e, se o não forem, ser claro e orientar sobre a forma como podem ser alcançados os resultados mais adequados. Deve ainda perceber a relação do paciente com a alimentação, o seu estado emocional e a sua motivação”.

Foram também analisados os preços das consultas.

“Uma consulta custa, em média, 50 euros, embora o preço mais frequente seja de 30 euros. Na maioria dos casos, não existe diferença entre a versão presencial e online. Ainda assim, as farmácias tendem a cobrar menos do que as clínicas. Entre 9 e 20 euros foi quanto as nossas colaboradoras pagaram”, indica a Deco.

Contudo, se por um lado baixam o preço das consultas, esta encarece porque “quase todos estes estabelecimentos propuseram suplementos como parte do plano, o que encarece os preços. Entre os produtos sugeridos, estão comprimidos, infusões, pão, bolachas e snacks”.

E apesar da Deco “criticar” a recomendação de alguns nutricionistas por “alimentos específicos, como iogurte magro 0% da marca X ou queijo da marca Y. É certo que estas indicações podem ajudar o paciente a escolher as opções mais acertadas”.

O mesmo já não se passa com “a recusa de pacientes por não se enquadrarem em esquemas de emagrecimento preconcebidos”.

“As consultas são da responsabilidade de um nutricionista. Segundo várias normas de orientação profissional e guias publicados pela Ordem dos Nutricionistas, devem ser evitadas abordagens padronizadas e embutidas em nomes comerciais. Independentemente das relações entre nutricionistas, farmácias e empresas detentoras de planos de emagrecimento, não é aceitável recusar pacientes, por não se enquadrarem em esquemas preconcebidos”, indica a Deco, no seu portal.

A Deco Proteste aconselha que se questione a clínica e/ou a farmácia se se trata de uma consulta ou de um plano de emagrecimento, assim como para indagar “se estará obrigado à compra de suplementos ou se terá uma intervenção talhada à sua medida”.

Consulte o estudo da Deco Proteste aqui.

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