A importância da vacinação na população idosa 1366

“Vacinação é Proteção” é o lema da campanha que o Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (NEGERMI) renova para celebrar o Dia Internacional do Idoso a 1 de outubro de 2021. Pelo segundo ano consecutivo, o Valentim, a mascote vestida de camuflado, relembra a importância da vacinação na população idosa.

Os idosos são mais suscetíveis às infeções devido ao envelhecimento do sistema imunitário, denominado imuno-senescência, que acarreta uma diminuição progressiva da resposta imune. Além disso, os idosos têm, habitualmente, mais doenças, tomam mais medicamentos e têm particularidades clínicas, como as síndromes geriátricas, que sinergicamente condicionam fragilidade e aumentam a vulnerabilidade e aumentam o risco de infeções.

Se não bastasse este risco, quando ficam doentes, os idosos sofrem mais e podem ter mais complicações. A descompensação das doenças crónicas, a reduzida capacidade dos órgãos em responder a agressões e a frequente necessidade de internamento hospitalar associam-se à desnutrição, perda da massa muscular e subsequente aumento da dependência funcional e risco de institucionalização. As infeções podem assim, efetivamente, comprometer o envelhecimento saudável, a qualidade e a esperança de vida, representando uma significativa causa de morbilidade e mortalidade nos idosos.

As vacinas atualmente disponíveis têm um bom perfil de segurança, são eficazes e, geralmente, bem toleradas. Apesar disso, a resposta vacinal poderá variar de acordo com tipo e via administração da vacina e entre os diversos indivíduos devido à sua heterogeneidade, comorbilidades e medicação habitual. Pese embora a imuno-senescência poder relacionar-se com a atenuação do estímulo imunológico das vacinas e, por conseguinte, com a diminuição da sua eficácia nos idosos, a vacinação é uma das estratégias mais importantes na prevenção primária de algumas doenças infeciosas, constituindo, atualmente, uma prioridade crescente da saúde pública.

Apesar do reconhecimento da vulnerabilidade dos idosos a infeções preveníveis eficazmente pela vacinação, verifica-se, ainda, uma baixa taxa de cobertura vacinal neste grupo etário. É neste contexto, que o NEGERMI lança, novamente, a campanha “Vacinação é Proteção” com objetivo de divulgar a importância e a necessidade da vacinação da população idosa e reduzir a propagação da desinformação e dos estigmas associados.

No documento agora divulgado, “Recomendações Clínicas para a Vacinação da População Idosa em Portugal”, o NEGERMI recomenda a vacinação atempada de todos os idosos não só contra o tétano e difteria e contra a gripe, já aconselhada pela Direção-Geral da Saúde, como também a vacinação contra infeções por Streptococcus pneumoniae e herpes zoster.

Considerando a evidência dos benefícios nos idosos, a vacinação deverá ser integrada no conjunto de intervenções da prática clínica centradas nas necessidades de cada idoso a fim da diminuição da prevalência das infeções e, consequentemente, da sobrecarga assistencial e económica do Serviço Nacional de Saúde. O contacto com os serviços de saúde, tanto primários como hospitalares, representa uma oportunidade privilegiada para o aconselhamento e esclarecimento individual de indicações, contraindicações e efeitos adversos com a finalidade de uma prescrição racional e adaptada a cada indivíduo.

Assim como aconteceu há um ano, o Valentim defende a vacinação como uma estratégia de proteção dos nossos idosos de infeções graves, cuja prevalência ainda é significativa, e recomenda-lhes participarem ativamente na decisão de se vacinarem, sempre aconselhados pelos seus médicos.

Paulo Sousa Almeida
Médico Especialista em Medicina Interna com Competência em Geriatria pela Ordem dos Médicos
Membro do Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna