REACT-COVID 2.0: pandemia alterou comportamentos alimentares 1364

No âmbito do Dia Mundial da Alimentação, o Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), em conjunto com o Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física (PNPAF), divulgou os resultados do REACT-COVID 2.0.

A recolha de dados foi realizada através de um questionário online auto-preenchido. A amostra inicial foi recolhida entre 09-04-2020 e 04-05-2020. A segunda amostra foi recolhida entre 10-05-2021 e 04-06-2021

Contou com uma amostra de 4.930 indivíduos, com 18 ou mais anos, dos quais 78,6% são mulheres. Metade dos respondentes tem entre 35 e 54 anos; a maioria completou um curso de ensino superior (74,7%) e é profissionalmente ativo (75,4%).

Esta segunda fase do estudo confirmou o impacto das alterações trazidas pelo contexto pandémico, tanto nos hábitos alimentares, como na atividade física dos portugueses, sugerindo que as alterações observadas nos primeiros meses da pandemia se mantiveram.

Verificou-se que nos comportamentos alimentares as alterações foram significativas. Comparativamente ao período pré-pandemia, 36,8% da população inquirida reportou ter mudado os seus hábitos alimentares. Já 58,2% dos inquiridos tem a perceção de que mudou para melhor e 41,8% para pior, pois passaram a recorrer a mais refeições take-away (32,2%), mais snacks doces (26,3%), mas também a ingerir mais água (22,3%) e mais hortícolas (18,6%) e mais fruta (15,2%).

As razões para estas alterações nos hábitos alimentares, muitas delas positivas, parecem relacionar-se essencialmente com a possibilidade de realizar mais refeições em casa ou do número de refeições cozinhadas (33,4% e 19,4%, respetivamente).

Contudo, também houve mudanças menos boas para a saúde, que se podem justificar com alterações no apetite motivadas por razões emocionais (24,9%). Em comparação com o primeiro período de recolha de dados, os fatores emocionais ganham um maior destaque. Associado ao peso dos fatores emocionais verificam-se também níveis elevados de “fome pelo prazer de comer”.

Foram identificados dois padrões distintos de comportamento e consumo alimentar. Um padrão caracterizado por alterações de consumo alimentar que podemos considerar menos saudável, caracterizado por um aumento do consumo de (por ex. refeições pré-preparadas, snacks salgados, snacks doces, refrigerantes, enlatados, take-away), e um segundo padrão por um aumento do consumo de alimentos considerados mais saudáveis (ex. hortaliças e legumes, peixe, água).

Este padrão alimentar menos saudável foi mais prevalente em inquiridos com mais dificuldades económicas e em risco de insegurança alimentar, bem como nos inquiridos que apresentam um nível elevado de “fome emocional”.

Durante o período pandémico analisado, a adoção de comportamentos alimentares mais saudáveis pareceu ser mais difícil de atingir nas populações mais jovens e desfavorecidas socioeconomicamente sugerindo que a nível alimentar, a crise pandémica tenha contribuído para agravar as desigualdades em saúde.

As orientações produzidas pela DGS sobre alimentação durante a pandemia foram consideradas úteis pela maioria da população (79,6%) e em particular pela população menos escolarizada (81,7%), o que sugere a importância do papel das instituições de saúde e da sua informação neste contexto.

Os resultados deste inquérito também sugerem que a atividade física e o comportamento alimentar se parecem influenciar mutuamente. A análise combinada aponta para um perfil de risco em que ser mulher, ter idade inferior a 45 anos e perceção de má situação financeira, parece aumentar o risco de menores níveis de atividade física e mudança para pior piores hábitos alimentares. Ser homem e ter mais de 46 anos, parece facilitar maiores níveis de atividade física e manutenção ou mudança para melhores hábitos alimentares.

O relatório pode ser consultado aqui.

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