Alimentação saudável e sustentável 3035

“A alimentação inadequada, com a decorrente má-nutrição, constitui a principal causa de problemas de saúde no mundo. Hoje, acima de 820 milhões de pessoas têm fome, e 2 biliões de adultos e mais de 40 milhões de crianças têm excesso de peso”. Quem o diz é Pedro Moreira, nutricionista e professor na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, no portal Pensar Nutrição.

O nutricionista refere que a “desnutrição, obesidade e alterações climáticas” são “três epidemias” com as quais temos de lidar, sendo urgente encontrar uma estratégia para que regiões ou famílias lidem com elas.

Para começar, Pedro Moreira indica que a alimentação saudável deve respeitar tanto o planeta, como o humano. Do lado do planeta, a alimentação deve ter um “baixo impacto ambiental, preservar a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas, e para tal, modificar a produção, tecnologia, distribuição e marketing nos sistemas alimentares, criando mecanismos de legislação e rotulagem, alinhados entre diferentes setores governamentais”, indica o nutricionista. Já do lado humano, a alimentação deve “promover saúde e bem-estar físico, mental e social; garantir acessibilidade e segurança alimentares; respeitar a aceitabilidade, cultura, culinária, gastronomia, e as formas tradicionais de produção e consumo de cada região; e ter custo adequado “.

Para que isso aconteça, o nutricionista refere algumas “características principais de uma alimentação saudável sustentável”. Fazer aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida; encorajar uma alimentação nutricionalmente adequada de base vegetal; preservar a biodiversidade dos alimentos; assegurar a ausência, ou minimizar a presença, de patogenos, toxinas, contaminantes, antibióticos, hormonas, e plásticos (ou seus derivados), nos alimentos ou na sua produção; privilegiar os alimentos em natureza (as partes comestíveis de vegetais e animais), e os alimentos minimamente processados (procedimentos para aumentar a duração dos alimentos em natureza, como a pasteurização, ou para facilitar o uso culinário, como a moagem, ou para mudar o flavor, como a fermentação), em detrimento de alimentos ultraprocessados (com aditivos e substâncias como açúcares, óleos, gorduras, sal, antioxidantes, estabilizantes e conservantes); ter a água como bebida de eleição; e reduzir do desperdício de alimentos são algumas das medidas apresentadas.

Pedro Moreira recorda ainda que um padrão de uma alimentação pode não ser obrigatoriamente saudável.

“As escolhas alimentares que fazemos podem ser saudáveis e sustentáveis, não saudáveis e sustentáveis, ou saudáveis, mas não sustentáveis. Por isso, é importante ter ajuda de nutricionista para evitar preocupações com eventuais défices nutricionais (por exemplo, de vitaminas B12 ou D, cálcio, ferro ou zinco), nomeadamente nos grupos de indivíduos mais vulneráveis”, conclui o nutricionista.

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