São muitos os doentes portugueses com hipotiroidismo que se esquecem da toma da medicação 870

Inquérito nacional feito junto desta população confirma falhas no tratamento

Estudo salienta cansaço ou falta de energia como principais motivos de incómodo associado à doença

Quase metade dos inquiridos diz ter falta de informação sobre sintomas

As hormonas tiroideias são fundamentais para o normal funcionamento do nosso corpo, mas há momentos em que a sua produção é insuficiente ou mesmo nula. A este défice dá-se o nome de hipotiroidismo, uma disfunção da tiroide que tem consequências, mas que pode ser tratada. No entanto, um estudo nacional realizado pela Multidados para a Associação das Doenças da Tiroide (ADTI), com o apoio da Merck, mostra que nem todos os doentes cumprem a medicação, pondo em risco o tratamento da sua disfunção e, logo, da sua saúde. Se 53% confirmam orgulhosamente que não há aqui esquecimentos, 27% reconhecem que se esquecem menos de uma vez por mês, 11% que a falha acontece algumas vezes por mês e 6% que é quase diária.

“O cumprimento da medicação é essencial para que os doentes possam viver sem sintomas”, confirma Celeste Campinho, presidente da Direção da ADTI. “E estas falhas podem pôr em causa o tratamento por isso quisemos realizar este estudo para ver como podemos melhorar a vida das pessoas que vive com estes distúrbios.”

Ainda de acordo com o inquérito, que contou com a participação de 720 pessoas com hipotiroidismo, para 52,1% nem sequer há um motivo para este esquecimento, enquanto 27,4% defendem que resulta de uma perturbação da sua rotina ou do facto de não terem consigo o medicamento, sendo que para 15,3% a falta de cumprimento está associada à incapacidade de respeitar os requisitos de ingestão de comida/bebida (não devem ser ingeridos alimentos ou bebidas na meia hora seguinte à toma da medicação).

A maioria dos inquiridos (67,8%) confirma sentir-se muito incomodada com o cansaço ou falta de energia associados ao hipotiroidismo, com 56,4% a referirem o aumento de peso, um dos principais sintomas relacionados com esta disfunção, e 55,4% a ansiedade/nervosismo. Segue-se a irritabilidade (47,5%) e o mau humor ou depressão (46,4%).

O inquérito confirma ainda a necessidade de mais informação. Ao todo, 42,5% sentem que têm pouca ou nenhuma informação a respeito dos efeitos secundários do medicamento ou suplemento alimentar que tomam, bem como sobre as interações que os mesmos possam ter com outros medicamentos ou suplementos alimentares que esteja a tomar em simultâneo. Um valor a ter em conta, até porque, ainda de acordo com o mesmo estudo, são muitos os que se enquadram nesta categoria: cerca de 63,5% consomem medicamentos para outro tipo de patologias além do hipotiroidismo, com 50,1% a indicarem estar sujeitos a medicação para mais duas a cinco patologias.

O inquérito mostra que quase metade dos inquiridos recebeu o seu diagnóstico há mais de 10 anos, com apenas 7,9% a descobrirem sofrer desta patologia há menos de 12 meses. E que, neste último ano, 32,4% tiveram necessidade de assistência médica por causa do hipotiroidismo.

“O estudo nacional que teve início na Semana Internacional da Tiroide, foi um sucesso. Salientamos que o elevado número de inquéritos realizados vieram trazer-nos dados reais sobre as pessoas que vivem com hipotiroidismo. Só conhecendo a realidade é que se pode intervir no sentido de melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com esta patologia, ” conclui Celeste Campinho.

O inquérito foi realizado por via do método CAWI (online) a indivíduos diagnosticados com hipotiroidismo em Portugal, entre os dias 24 de maio a 30 de junho, tendo sido recolhidas e validadas 720 respostas.

Acesso ao estudo: https://www.thyroidaware.com/pt/latestnews/studyonhypothyroidism.html

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