Estudantes de Nutrição: vozes para um futuro mais saudável 906

Por Carolina Dias (Suplente Departamento Pedagógico AEESTeSL), Lara Barros (Presidente NCN IUCS-CESPU), Maria Pacheco (Coordenadora do Departamento Pedagógico NECN-AAIUEM), Maria Emília Graça (Representante do Curso de Nutrição AEESBUCP), Bárbara Silva (Vice-presidente AEFCNAUP) e Cecília Almeida (Presidente da Mesa de Assembleia Geral NECN-UTAD), representantes das instituições que integram o Senado, órgão consultivo da Associação Nacional de Estudantes de Nutrição. 

 

Na perspetiva de estudantes, mas sobretudo de futuros profissionais, olhamos para a área da Nutrição como um mundo de oportunidades. Embora seja uma ciência recente, motiva-nos observar o reconhecimento crescente e a relevância que tem alcançado em diversos domínios.

A presença de nutricionistas, enquanto profissionais de saúde, contribui para a promoção da saúde e para a formação de hábitos alimentares equilibrados e com efeito duradouro na população em geral. A sua intervenção estende-se desde hospitais e clínicas, ginásios e clubes desportivos, lares e escolas, indústrias e autarquias, entre muitas mais vertentes.

Atualmente, vivemos num mundo onde a globalização tornou-se uma realidade incontornável, trazendo consigo uma mudança profunda na perceção do papel da nutrição. Além das excelentes bases de formação académica, devemos estar cientes de que é importante irmos além do que nos é ensinado nas aulas e investir no desenvolvimento de competências transversais, que nos façam destacar e criar o nosso próprio espaço no mercado de trabalho, como o pensamento crítico, a capacidade de solucionar problemas e a comunicação assertiva. Nesse sentido, devemos procurar ser ativos e participativos nas várias oportunidades que o mundo da Nutrição tem para oferecer, desde congressos e eventos formativos a estágios observacionais e projetos de investigação, entre outros.

Apesar do entusiasmo, não podemos ignorar os desafios que se colocam. O acesso à profissão continua a ser, inevitavelmente, uma preocupação para nós, estudantes e futuros profissionais, não apenas pela escassez de oportunidades, mas também pelo forte centralismo institucional, geográfico e de especialidade que as caracteriza. Soma-se a necessidade urgente de reforçar a presença dos nutricionistas no Sistema Nacional de Saúde (SNS) e noutras instituições de saúde públicas, de forma a garantir um verdadeiro impacto na saúde da população.

No futuro, desejamos assistir a uma valorização mais expressiva do papel do nutricionista nas equipas de saúde multidisciplinares, reconhecendo o contributo indispensável para uma gestão integrada da saúde.

Com o avanço, a passos largos, da Inteligência Artificial e o fácil acesso à informação, o papel do nutricionista assume particular relevância no combate à desinformação e desmistificação de conceitos amplamente difundidos na Internet que, na maior parte das vezes, são totalmente desprovidos de fundamentação científica. A Inteligência Artificial carece da dimensão humana, o que nos distingue na prática profissional, através da empatia, sensibilidade e compreensão das particularidades emocionais, culturais e socioeconómicas de cada indivíduo.

Em suma, o futuro da Nutrição, aos olhos dos estudantes, é uma promessa de esperança e sobretudo, de responsabilidade individual e coletiva, de profissionais, instituições e governos, para uma profissão mais tecnológica, sustentável e humana, onde o saber transmitido nas universidades resulte na transformação real da comunidade e sociedade.

Aos estudantes de nutrição, o futuro é nosso! As próximas décadas trarão inovação tecnológica, desafios ambientais e carências sociais. Cabe a nós, futuros nutricionistas, sermos pioneiros nas respostas e soluções criativas que alimentam o indivíduo, assim como o coletivo. Sigam em frente com coragem, recordando sempre que o bem feito será rotulado pelo profissional, e o mal feito será rotulado pela profissão. Representem esta profissão com amor e rigor, e com a consciência de que têm colegas onde se apoiar.