Portugueses descobrem mecanismo neuronal associado à obesidade 728


03 de abril de 2017

Investigadores portugueses descobriram, numa experiência com ratinhos, que a eliminação dos neurónios periféricos acelera o aumento de peso, abrindo caminho para o tratamento da obesidade, revela um estudo publicado hoje.

Uma equipa liderada por Ana Domingos, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), descobriu, em 2015, que os neurónios periféricos, quando ativados, queimavam gordura.

Agora, num estudo publicado na revista “Nature Communications”, os investigadores concluíram que essas células, quando desativadas, através de uma técnica de manipulação genética, provocam o aumento rápido de peso.

Ana Domingos explicou à “Lusa” que os neurónios que estão fora do cérebro, no tecido nervoso, libertam uma substância que ‘comunica’ com os adipócitos, as células do tecido adiposo responsáveis pelo armazenamento de gordura no corpo.

Em resultado desse contacto, as células adiposas ficam mais pequenas e a gordura é queimada.

«Se retirarmos os neurónios, os adipócitos não têm como queimar gordura, e esta vai acumulando», assinalou a cientista, acrescentando que, mesmo que os ratinhos «façam dieta, não conseguem perder peso». O mesmo sucede com as pessoas obesas.

A descoberta deste mecanismo biológico associado à obesidade permite partir agora para a sua utilização em sentido inverso, no combate à obesidade.

«Ficamos com uma ideia biológica de como atacar a doença [a obesidade] farmacologicamente em humanos», apontou Ana Domingos.

O grupo já está a trabalhar num medicamento para a obesidade que usa estes neurónios como alvo, sem atingir o cérebro, e procura investidores.

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