A Ordem dos Nutricionistas (ON) destaca um aumento de 100% de estágios profissionais em 2025 e reitera que qualquer inquérito aos recém-licenciados deverá ser completo, em prol de “resultados válidos”.
Em reação à auscultação da Associação Nacional de Estudantes de Nutrição (ANEN) – onde se dava conta que o processo de procura por um estágio à ON se figura como “muito difícil”, havendo já recém-licenciados a admitir estarem a trabalhar noutra área – a Ordem assegura que “os dados relativos ao número de estágios contrariam a hipótese de este ser o principal responsável pelos resultados obtidos”.
Aumento de estágios desde 2023
Em comunicado enviado à VIVER SAUDÁVEL (VS), a ON revela que, à data de 11 de dezembro de 2025, tinham ocorrido ou ainda estavam a decorrer 382 estágios, o que se traduz numa “recuperação expressiva” em relação a 2024, quando se realizaram apenas 192 estágios. Trata-se, portanto, de um “aumento de cerca de 100%”.
Nos últimos cinco anos, registou-se a seguinte variação de estágios profissionais de acesso à ON: 337 em 2021, 401 em 2022, 331 em 2023, 192 em 2024 e 382 em 2025. A atual Direção foi eleita em outubro de 2023.
Havendo mais estágios realizados em 2025, como se justifica esta dificuldade no acesso? A ON explica que a resposta poderá estar no “potencial aumento do número de licenciados nos últimos anos, em consequência da abertura de novos ciclos de estudo verificados”. Neste sentido, a auscultação realizada, bem como a própria notícia que se lhe seguiu, deveriam “ter assegurado o conhecimento desta variável”, refere o comunicado.
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Além disso, e tendo em conta que a amostra foi composta por 102 recém-licenciados, “não referindo o universo total de recém-licenciados, os resultados divulgados não podem considerar-se representativos”, refere a ON, ao lembrar que a própria ANEN deixou a nota de que os resultados “não devem, em momento algum, ser tomados como representativos”. Assim sendo, a ON assume que, “se não representam a população em análise, não poderão também as suas conclusões ser apresentadas como representativas“.
Informação omissa
Terminada a licenciatura, a maioria dos inquiridos na auscultação (63,4%) escolheu procurar um estágio à ON, sendo que 13,6% afirmaram estar a trabalhar noutra área. Dos 14 recém-licenciados que selecionaram esta opção, 13 justificaram-na pela dificuldade de encontrar estágio de acesso à ON.
Sobre este dado, a Ordem aponta ser “omissa a informação se a opção por um trabalho em outra área motivou a desistência da procura de estágio ou se continuam nesse processo, o que, a concretizar-se, deverá colocar estes 13 inquiridos no grupo que seguiu para estágio”. “Quando se questiona se os inquiridos estão a realizar, neste momento, estágio à Ordem, não é percetível se esta questão foi colocada a toda a amostra ou apenas àqueles que seguiram para estágio”, lê-se ainda em comunicado.
A Ordem vai mais longe e diz que “não é ainda apresentado o período relativo à procura em análise”. “Sabendo que este inquérito foi realizado em outubro, e sendo as épocas de término de licenciatura maioritariamente nos meses de junho, julho e setembro, o valor destes resultados ficaria largamente beneficiado se esta informação tivesse sido associada e divulgada“, acrescenta.
Finalmente, no que ainda se refere ao item que avalia o grau de dificuldade na procura de estágio, a ON garante que, “para conclusões realmente efetivas, as métricas utilizadas neste ponto deviam ter sido divulgadas, de forma a ser possível aferir o significado dos resultados apresentados“.
Aumento “descontrolado” de recém-licenciados
À VS, a Ordem considera que “o objetivo deste tipo de auscultação é muito importante e fundamental o seu conhecimento para uma reflexão necessária acerca do volume de recém-licenciados que continuam a aumentar de forma descontrolada, com a abertura sucessiva de novos ciclos de estudo”.
Por fim, deixa claro que “os dados relativos ao número de estágios contrariam a hipótese de ser este o principal responsável pelos resultados obtidos”. Em concordância, “para efeitos de resultados válidos, devem ser garantidas uma amostra representativa e a introdução de outras variáveis, potencialmente relacionadas, que não podem ficar omissas deste tipo de avaliação“.




