A bastonária da Ordem dos Nutricionistas (ON), Liliana Sousa, considera que “o aumento do número de instituições que ministram formação académica em Ciências da Nutrição e Dietética e Nutrição, pode agravar o futuro da profissão de nutricionista”, face aos desafios inerentes à empregabilidade dos recém-licenciados.
De acordo com o posicionamento oficial da ON, enviado aos vários responsáveis governativos, a responsável pela classe denota preocupação relativamente à “criação de novos ciclos de estudo conducentes à profissão de nutricionista, sobretudo em regime de ensino à distância”.
O crescimento da oferta – são 19 os cursos que dão acesso à profissão – não tem sido “acompanhado por um planeamento estratégico para a integração de futuros profissionais ou por uma avaliação rigorosa das reais necessidades do país”. Como consequência, considera, aumentam as dificuldades de integração profissional, a degradação da empregabilidade, a desmotivação crescente e abandono escolar e ainda a emigração de jovens.
Aproximação ao “contexto real de trabalho”
Liliana Sousa deixa claro que “a formação académica dos nutricionistas é bastante exigente e deve permitir aos licenciados a consolidação de conhecimentos nucleares”, razão pela qual deve ser garantido o “contacto com a prática profissional”, aproximando-a “o melhor possível ao contexto real de trabalho”.
Neste sentido, defende que as licenciaturas nesta área devem incluir a prática laboratorial e clínica supervisionada, a avaliação nutricional com contacto direto com o utente, o desenvolvimento de competências de comunicação em contexto real de trabalho e ainda a integração em equipas multidisciplinares.
“A predominância da modalidade de ensino à distância nas licenciaturas, associada a uma percentagem reduzida de horas de contacto presencial, levanta questões relevantes quanto à garantia da qualidade da formação”, lê-se ainda no documento, a que a VIVER SAUDÁVEL teve acesso.
Para a responsável, o aumento do número de diplomados, “sem que haja garantia da qualidade do ensino, promove desigualdades entre futuros profissionais, fragiliza o valor social da intervenção nutricional e do nutricionista”, acarreta “riscos para os utentes e para os serviços de saúde” e pode, em última instância, “agravar o futuro da profissão de nutricionista, qua atualmente se antevê como incerto e sujeito a desafios significativos no que diz respeito à empregabilidade”.
Suspensão de novos cursos
Para fazer face ao problema, a ON defende a suspensão de novos cursos de Nutrição, até que esteja garantida uma “avaliação rigorosa da formação atualmente existente e das reais necessidades do país”.
ON defende suspensão de novos cursos de Nutrição até reavaliação nacional
Para Liliana Sousa, “a garantia da qualidade académica e da dignificação da profissão de nutricionista exige um esforço conjunto e uma visão de futuro, para que sejam criadas condições dignas de integração dos nutricionistas num mercado de trabalho verdadeiramente preparado para acolher o exercício pleno da profissão”.




