Peixe em excesso na gravidez aumenta risco de obesidade nas crianças 750

25 de Fevereiro de 2016

Investigadores da Universidade do Porto participaram num estudo internacional onde se concluiu que consumir peixe mais que três vezes por semana durante a gravidez aumenta o risco de obesidade nas crianças, que podem nascer com perturbações no sistema endócrino.

«O peixe é uma fonte de poluentes orgânicos e uma exposição frequente a esse tipo de produtos químicos (incluindo os desreguladores endócrinos), aumenta os riscos de desenvolver obesidade na infância ou mesmo transtornos durante o crescimento da criança», lê-se num comunicado divulgado ontem pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

Os investigadores do ISPUP Henrique Barros e Andreia Oliveira participaram nesta investigação através do programa Geração XXI, que acompanha o desenvolvimento de 8.647 crianças até à idade adulta, iniciado em 2005, noticiou a “Lusa”.

Durante a investigação foram recolhidas informações de 26.184 mulheres grávidas e dos filhos destas, na Europa e nos Estados Unidos. Concluiu-se do trabalho que Espanha é o país com maior consumo de peixe durante a gestação, estando Portugal em segundo lugar, com um consumo médio de peixe de quatro vezes por semana.

Os investigadores, que estabeleceram uma ligação entre o consumo de peixe por parte da mãe e o desenvolvimento da criança até aos seis anos, afirmam que os excessos são nocivos e comuns, embora não esclareçam sobre a quantidade e o tipo de peixe ideal que deve ser consumido.

Das 8.215 crianças acompanhadas, verificou-se que 31% tiveram uma rápida taxa de crescimento desde o nascimento até ao segundo ano, enquanto cerca de 19% (4.987) registaram excesso de peso ou estavam obesas aos quatro anos e 15% (3.476) aos seis anos.

«A contaminação dos peixes por poluentes no meio ambiente pode ser uma explicação para os efeitos observados em crianças pequenas entre a quantidade de peixe consumida pelas mães quando estavam grávidas e o aumento do excesso de peso entre as crianças», conclui o estudo.

Em 2014, a agência do medicamento norte-americana (FDA) e a Agência de Proteção Ambiental (EPA) já tinham alertado que as mulheres grávidas ou que pretendiam engravidar não deviam consumir peixe mais do que três vezes por semana, para não expor o feto ao mercúrio, considerado «um metal pesado e tóxico para o desenvolvimento do cérebro infantil».

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