ON estima que seriam necessários mais cerca de 800 nutricionistas no SNS 1357

A Ordem dos Nutricionistas (ON) defende que faltam mais cerca de 800 nutricionistas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o que corresponde ao dobro dos que trabalham nos hospitais e a sete vezes mais nos Cuidados de Saúde Primários.

Estes dados constam do estudo “Integração de Nutricionistas no Serviço Nacional de Saúde” apresentado esta quarta-feira, dia 6 de abril, Dia Mundial da Saúde, pela Ordem dos Nutricionistas.

Segundo os dados divulgados, nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) há um nutricionista para cerca de 100 mil utentes, sendo o rácio defendido pela ordem, de 12 mil utentes por cada profissional.

Para a bastonária da ON, Alexandra Bento, mesmo com a inclusão de mais profissionais no âmbito do concurso iniciado em 2018, “estima-se um rácio de cerca de 90 mil utentes por nutricionista, o que é claramente desajustado, não garantindo o acesso dos portugueses aos cuidados de nutrição”.

Tendo em conta a recente publicação dos locais de estágio do concurso para admissão de nutricionistas, o estudo testou a integração destes profissionais, o que resulta num aumento de profissionais na região de Lisboa e Vale do Tejo (31 das 40 vagas a concurso), “cumprindo um dos objetivos de existir, pelo menos, um nutricionista em cada ACeS (agrupamento de centros de saúde)”.

O que “não é uma dotação suficiente, face às necessidades da população ao nível do acompanhamento nutricional nos CSP e do cenário epidemiológico do país”, indica o estudo.

O estudo indica ainda que, em qualquer dos cenários analisados, “é notório o défice de nutricionistas nos CSP: estima-se que sejam necessários, incluídas as colocações do concurso iniciado em 2018, entre 556 a 861 profissionais para cumprimento de dotações recomendadas em outros países, resultando na necessidade de contratar entre 403 e 708 nutricionistas para os Cuidados de Saúde Primários a nível nacional”.

Alexandra Bento lembrou que a OMS estima que mais de 13 milhões de mortes em todo o mundo se devem a causas evitáveis, como é o caso dos maus hábitos alimentares, e insiste que é urgente olhar para a nutrição como uma garantia de prevenção de doença e promoção de saúde.

“Hoje, mais do que nunca, a Ordem dos Nutricionistas relembra que urge olhar para a nutrição como uma garantia de uma população portuguesa mais saudável, consequência de uma estratégia focada na prevenção e no tratamento da doença, ao reforçar a presença de nutricionistas no SNS”, afirmou.

O documento refere também, que nos cuidados hospitalares, tendo em conta as recomendações de entre 50 a 75 camas hospitalares para cada nutricionista seriam necessários entre 39 a 141 destes profissionais. Contudo, há um nutricionista por cada 89 camas.

Os dados indicam que o rácio de camas por nutricionista não apresentou muitas diferenças entre 2020 e 2022, ainda que se registem melhorias nas regiões do Alentejo, Lisboa e Vale do Tejo e Norte.

A bastonária da ON sublinha que “a lotação praticada nos hospitais foi também mais elevada em 2022 que em 2020, o que contribuiu para parte das variações observadas, uma vez que a alteração no número de profissionais é pouco relevante”.

O estudo conclui que “ainda que a implementação do Serviço de Nutrição esteja a ser efetuada, é notada alguma falta de harmonização no que respeita à designação e coordenação, sendo necessário um contacto mais estreito com as instituições hospitalares no sentido de identificar barreiras à implementação do despacho”.

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