O que não pode faltar no frigorífico dos universitários? 1133

Sair de casa dos pais, dividir apartamento, cozinhar pela primeira vez, comer na cantina, preparar marmitas ou improvisar um jantar com o que houver no frigorífico. Para muitos jovens, a entrada na universidade traz consigo um novo desafio: gerir, sozinhos, a própria alimentação. É uma fase de descobertas, mas também de tentações e desequilíbrios.

A entrada no ensino superior marca o início de uma nova etapa – não só académica, mas também pessoal. “É um período de transição importante, muitas das vezes com eventos de vida também importantes, que se refletem no estilo de vida, quer a nível alimentar, quer de consumos”, comenta Inês Domingos, nutricionista na NutrirTe – Nutrição Funcional e Integrativa.

Nesta fase, alerta, “o aumento da ingestão de bebidas alcoólicas é uma das alterações mais reportadas, tal como o recurso a fast-food, refrigerantes em base diária e snacks hipercalóricos”. Por oposição, “o consumo de refeições de faca e garfo é reduzido, e se detalharmos por grupo de alimentos, a maioria dos estudantes tem um consumo nulo de hortofrutícolas e pescado, por exemplo”.

Segundo a nutricionista, estas escolhas alimentares estão, por vezes, ligadas a fatores sociais: “Acabam por deixar de consumir alimentos que os seus pares também não consomem, quer por não lhes serem apelativos, mas também por questões relacionadas com a desejabilidade social, aceitação e dinâmica nas habitações/espaços partilhados com outros estudantes”.

Quando chega a hora de cozinhar 

Para quem está a dar os primeiros passos na cozinha, as recomendações incluem preparações simples, com reaproveitamento de sobras ou em modo “fazer e congelar”. “Sopa, preparados estufados, hortícolas e tubérculos assados, aproveitamentos de sobras no forno, leguminosas cozidas. Preparações que possam ser reaproveitadas e/ou congeladas”, sugere Ana Helena Pinto, fundadora e CEO da Nutrition for Happiness.

Inês Domingos e Ana Helena Pinto. Créditos de Just News e Joana Vilar, respetivamente

No entanto, a realidade nem sempre ajuda. “A primeira recomendação é conseguirem um equipamento de refrigeração e de conservação de congelados. Muitos estudantes partilham espaços, alguns deles das próprias instituições de ensino, que não têm frigorífico. Ou que tendo, não comportam o necessário para a rotina diária”, ilustra Inês Domingos. E para os que não têm cozinha, há que começar pelas compras: “Os primeiros passos são mesmo nos corredores das superfícies comerciais, identificando através da rotulagem opções alimentares mais saudáveis“.

Na hora de planear e organizar, há também ferramentas úteis. Em contexto de aconselhamento em consulta, a nutricionista recorre a materiais da Direção-Geral da Saúde, como o descodificador de rótulos ou o guia para o aconselhamento breve “10 passos para a promoção da alimentação saudável”.

Dispensa à prova de estudante

Ana Helena Pinto alista os alimentos essenciais que não podem faltar na despensa e no frigorífico de um estudante universitário: ovos; queijo; conservas de peixe (atum, cavala, sardinha ou bacalhau); hortícolas (frescos ou congelados); fruta; tremoços; outras leguminosas (feijão, grão, ervilhas ou lentilhas).

Ser vegetariano ou vegano na universidade

Será que há mais jovens universitários a optar por padrões alimentares vegetarianos ou veganos? As nutricionistas, inseridas na iniciativa do cheque-nutricionista, não sentem um crescimento expressivo.

Cheque-nutricionista atrai cada vez mais jovens interessados em melhorar a sua alimentação

“Neste grupo não verifiquei esta tendência. Tive apenas uma estudante vegetariana, que não poderá ser considerada representativa do universo de estudantes vegetarianos”, refere Inês Domingos. Ana Helena Pinto partilha uma visão semelhante: “Ultimamente, não tenho notado um aumento significativo”. No entanto, deixa conselhos úteis para quem segue ou quer seguir este tipo de alimentação: “O cuidado maior é preferir os alimentos base, em vez das alternativas embaladas e preparadas com adição de gordura, sal, açúcar e outros aditivos. Fazer das leguminosas e dos frutos oleaginosos os aliados ideais da substituição da proteína animal“.

 

Parte do artigo “A Nutrição também vai para a universidade”, publicado na edição #97 da revista VIVER SAUDÁVEL (setembro-outubro, 2025). Leia o texto completo na Revista dos Nutricionistas.