INSA: 69% dos alimentos para bebés dos 6-36 meses não cumprem os requisitos da OMS 1688

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), divulgou este domingo, dia 26 de dezembro, um estudo sobre a avaliação do perfil nutricional e da rotulagem de alimentos comercializados para crianças entre os 6 e os 36 meses, que constata que 69% dos alimentos não cumprem os requisitos pedidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O trabalho, realizado pelo Departamento de Alimentação e Nutrição (DAN), denominado por “Assessment of the nutrient profile and labelling of commercially available complementary foods for infants and young children under 36 months: an exploratory study”, é da autoria dos portugueses Filipa Matias, Rui Vaz, Ricardo Assunção, Mariana Santos e Isabel Castanheira.

Este estudo concluiu que “31% dos alimentos têm, pelo menos, uma fonte de açúcar indicada na lista de ingredientes” e “97% apresentaram, pelo menos, um tipo de alegação nutricional ou de saúde na embalagem”, que pode induzir os pais em erro.

Os dados foram recolhidos entre março e julho de 2021, da informação nutricional de 138 alimentos rotulados como adequados para a faixa etária dos 6-36 meses, e vendidos em cinco superfícies comerciais da região de Lisboa.

Os investigadores distribuíram os alimentos por três categorias: papas infantis, refeições “de colher” (incluindo as subcategorias: sobremesas lácteas, purés de fruta, purés de carne/peixe) e bolachas/snack.

Dos 138 alimentos em estudo, 34 (25%) diziam respeito a papas infantis, 94 (68%) a refeições de colher, como sobremesas lácteas, purés de fruta e purés de carne/peixe, e dez (7%) a bolachas/snacks.

Procuraram analisar a presença de sal e açúcar, que “não devem ser consumidos durante o primeiro ano de vida”.

Contudo, a análise feita mostra que “25% (n=35) dos alimentos têm sal adicionado e 47% (n=16) das papas infantis, 50% (n=5) das bolachas/snacks e 23% (n=22) das refeições “de colher” têm pelo menos uma fonte de açúcar na sua formulação”, pode ler-se no documento.

Os autores deste estudo indicam ainda que a promoção inadequada dos alimentos vai conta as orientações da OMS e do Codex Alimentarius.

“As alegações mais frequentes são: ‘sem adição de açúcares’ (69%), ‘sem corantes/conservantes’ (54%), ‘fonte de vitaminas/minerais’/ ‘enriquecido com vitaminas/minerais’ (36%), ‘sem adição de sal’ (33%)”, indica o estudo.

Os investigadores defendem que, “em aproximadamente 78% das refeições de colher e 29% das papas infantis deverá ser colocado um rótulo de advertência na parte frontal da embalagem, de forma a destacar o elevado contributo dos açúcares para o teor energético”. Esta é uma forma de quem compra saber, de facto, que ingredientes estão presentes e em que quantidades.

Além disso, “40% das bolachas/snacks não podem ser comercializadas por não cumprirem o limite máximo estabelecido”.

Os investigadores aconselham “uma monitorização e avaliação nutricional contínuas e reforçam a necessidade de se implementarem medidas efetivas que limitem a promoção de alimentos menos saudáveis destinados à faixa etária dos 6-36 meses”.

Pode consultar o estudo aqui.

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