“Ser Nutricionista” em Transformação: o Mercado, as Pessoas e o Futuro Sustentável da Profissão 781

Por Carolina Lopes (presidente da Mesa da Assembleia Geral), Clara de Sousa Filipe (presidente do Conselho Fiscal), Inês Pascoal (Vice-Presidente do Conselho Fiscal), Joana Costa (Secretária da Mesa da Assembleia Geral) e Mariana Matos (Secretária da Mesa do Conselho Fiscal), da Associação Nacional de Estudantes de Nutrição. 

 

O “Ser Nutricionista” atravessa um período de profunda transformação, impulsionada por mudanças sociais, tecnológicas e geracionais que redefinem o papel deste profissional na promoção da saúde e do bem-estar. O alargamento das áreas de intervenção, o crescimento do mercado digital e a valorização crescente das competências interpessoais estão a abrir novas oportunidades e desafios. Paralelamente, as novas gerações trazem consigo uma visão distinta (e complementar) sobre as mudanças tecnológicas e sociais, contribuindo para a constante evolução da profissão.

Toda a transformação traz oportunidades. Enquanto futuras nutricionistas, um olhar atento tem sido lançado sobre este aspeto. Aferimos, num primeiro momento, que a transição do contexto académico para o profissional exige não apenas domínio científico, mas também o desenvolvimento de soft skills, nomeadamente a capacidade de adaptação a novos contextos e inovação.

As ferramentas digitais têm vindo a assumir um papel de grande relevância no desenvolvimento profissional, representando um verdadeiro marco na carreira de muitos nutricionistas. Estes recursos permitem ampliar significativamente a visibilidade e o alcance do trabalho, recorrendo a estratégias como o marketing de conteúdos e as consultas online para chegar a um público mais vasto e afirmar a presença profissional. Embora ser nutricionista não signifique ser influenciador digital, nos dias de hoje torna-se quase indispensável adotar algumas destas estratégias para garantir maior reconhecimento e proximidade com a comunidade. Ainda assim, “a dose faz o veneno”: é fundamental reconhecer a linha ténue entre o marketing e um posicionamento agressivo, distinguindo-o da assertividade necessária a uma comunicação ética, eficaz e sustentada nas competências técnicas e na evidência científica que orientam a prática profissional.

Neste contexto, as novas gerações de nutricionistas evidenciam uma postura profissional caracterizada pela integração de novas competências digitais, pela valorização do pensamento crítico e pela procura de modelos de intervenção mais flexíveis e inovadores. Esta evolução reflete uma adaptação às exigências de um mercado em rápida transformação, marcado pela digitalização dos serviços de saúde, pela crescente interligação entre áreas científicas e pela necessidade de respostas personalizadas e sustentáveis. Para além da dimensão tecnológica, estas novas gerações distinguem-se pela valorização do trabalho colaborativo e da consciência social e ambiental, procurando afirmar uma prática profissional mais ponderada e ajustada às necessidades emergentes da sociedade.

Estudantes de Nutrição: vozes para um futuro mais saudável

Mais do que uma profissão em transformação, o “Ser Nutricionista” é um reflexo da capacidade de conciliar ciência e sensibilidade. Ser nutricionista é compreender que cada recomendação tem um impacto direto e real na vida de cada pessoa e que para chegar a resultados positivos temos de demonstrar empatia e responsabilidade social. É integrar a evidência científica com o cuidado genuíno, promovendo escolhas alimentares conscientes, sustentáveis e com um propósito. O futuro da nutrição constrói-se assim, fazendo uma ponte entre rigor científico e compromisso de cuidar.