Reformulação dos alimentos: Com o envolvimento de todos, “os resultados acontecem” 1213

Cooperação, negociação e diálogo têm sido pilares fundamentais no nosso país. As pontes construídas entre o Estado, a Academia e a Indústria possibilitaram acordos decisivos para melhorar a saúde da população.

Na apresentação do “Relatório da Reformulação dos Alimentos em Portugal – 2018-2023”, no passado dia 8 de julho, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, ficou clara a decisão histórica que afunilou interesses e permitiu uma redução de 15% do teor médio de sal e 21% de açúcar em vários produtos ao longo de cinco anos.

Alimentos com menos 15% do teor de sal e 21% de açúcar em cinco anos

O debate “Parcerias com impacto: desafios e lições aprendidas”, moderado pelo diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, Pedro Graça, contou com a diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS, Maria João Gregório, e a coordenadora do Departamento de Nutrição e Alimentação do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Alexandra Bento.

“Hoje é um grande dia porque quando se trata de um trabalho que envolve todos, os resultados surgem”, começou por exclamar Alexandra Bento. A bastonária da Ordem dos Nutricionistas ao longo de 12 anos garantiu ser fundamental o acesso à melhor evidência científica, mas também às ferramentas tecnológicas e a dados disponibilizados por empresas como a NielsenIQ, que fez parte do projeto. Em todo o caso, lembrou, existem informações da maior relevância, como são o Inquérito Alimentar Nacional, que deve ser atualizado.

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Por sua vez, Maria João Gregório destacou a importância de uma “verdadeira participação de todos”, incluindo as indústrias alimentar e da distribuição. A responsável sublinhou a necessidade de uma comunicação comercial mais responsável, da melhoria da informação disponibilizada aos consumidores e também da reformulação da oferta alimentar, tanto em termos dos produtos disponíveis como dos contextos de compra. “Cada vez mais precisamos de conhecer o mercado”, afirmou, para acrescentar que se torna relevante adquirir mais dados.

Como deixou claro Pedro Graça – outrora na mesma posição de Maria João Gregório – nem sempre a relação com a Indústria é fácil, uma vez que os objetivos não são exatamente os mesmos, mas com esta cooperação Portugal tornou-se num exemplo. Aliás, o especialista foi mais longe ao referir que, com alimentos mais saudáveis, a Indústria nacional se pode posicional internacionalmente de uma outra forma, com ganhos.

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No debate estiveram ainda o diretor-geral da Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares, Pedro Queiroz, o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, Gonçalo Lobo Xavier, e o commercial manager da Nielsen, Ricardo Gonçalves. O relatório apresentado traduz-se na cooperação entre o PNPAS da DGS, a Indústria (com a FIPA, a APED e a NielsenIQ) e a Academia, com o INSA.