Plant Nutrition Colloquium: “Solos saudáveis significam pessoas saudáveis” 436

Realizado pela primeira vez em Portugal, o International Plant Nutrition Colloquium (IPNC) reuniu no Porto mais de 400 especialistas de 42 países para discutir o papel estratégico da nutrição vegetal na produtividade agrícola, na preservação dos ecossistemas e na saúde humana e planetária. O evento afirmou-se como uma plataforma de colaboração interdisciplinar e debate sobre os grandes desafios alimentares e ambientais do nosso tempo.

A sessão plenária sobre “Nutrição vegetal e alterações climáticas”, moderada pela presidente do International Plant Nutrition Council, Marta Vasconcelos, marcou um dos momentos altos do colóquio. Coube à norte-americana Sylvie Brouder, diretora do Purdue Center for Global Food Security (PCGFS), da Universidade Purdue, em Indiana, abrir o painel com a comunicação “Nutrição vegetal: manter a segurança alimentar num clima em mudança”.

Agendas que se cruzam

“A maioria dos cidadãos nos Estados Unidos da América (EUA) entende que as alterações climáticas estão a acontecer, e que não são boas”, declarou a investigadora, alertando para a urgência de se agir com base no conhecimento científico existente. Segundo defendeu, a nutrição vegetal encontra-se no cruzamento de agendas potencialmente convergentes – mas também conflituosas – que envolvem a segurança alimentar, as alterações climáticas e a saúde ambiental.

Do lado da segurança alimentar, o desafio passa por manter ou aumentar a disponibilidade de nutrientes essenciais, tanto em quantidade calórica como em densidade nutricional. Isso implica conservar ou reforçar a produtividade agrícola nas regiões mais férteis – potenciada, por exemplo, pela fertilização com CO2 –, ao mesmo tempo que se melhoram os rendimentos em regiões menos produtivas sem recorrer à expansão da área agrícola. Outro objetivo chave: preservar a qualidade das colheitas e promover a rotação e diversificação de culturas, tendo em vista dietas igualmente diversificadas.

Nutrição vegetal “é um fator-chave para a biodiversidade, a resiliência dos ecossistemas e a sustentabilidade a longo prazo”

Em paralelo, a agricultura tem um papel decisivo na mitigação das alterações climáticas. Como tal, deve-se apoiar práticas regenerativas e sustentáveis, que preservem os solos e minimizem perdas para o ambiente. O reforço do teor nutricional das culturas de base e a inclusão de leguminosas e plantas perenes nas rotações são estratégias que servem este propósito.

Sylvie Brouder não esqueceu o impacto dos nutrientes na saúde ambiental e humana: “Solos saudáveis significam pessoas saudáveis”, sintetizou.

 

Parte do artigo “Nutrição vegetal em foco: ciência para cultivar resiliência”, publicado na edição #97 da revista VIVER SAUDÁVEL (setembro-outubro, 2025).