IVA 0 deve ser continuar a ser equacionado na alimentação, defende Alexandra Bento 1189

A nutricionista Alexandra Bento, anterior responsável pela Ordem dos Nutricionistas (ON), defende que o IVA 0 deve continuar a ser equacionado em determinados alimentos, de forma a ajudar as famílias a comerem melhor.

Em declarações à VIVER SAUDÁVEL, no Congresso de Nutrição e Alimentação (CNA) da Associação Portuguesa de Nutrição, a coordenadora do Departamento de Nutrição e Alimentação do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) afirmou que o IVA 0 deve continuar a ser equacionado.

“O preço determina muitas escolhas alimentares”, referiu, ao lembrar que são muitos os determinantes que condicionam boas decisões alimentares, como são a literacia, o tempo e doenças associadas. “Eu posso saber o que quero, posso ter tempo para o fazer, mas se não tiver dinheiro, está tudo perdido”, atestou Alexandra Bento.

Para a nutricionista, “comer bem de forma absolutamente barata é impossível, mas é possível comermos bem gastando menos”. Neste sentido, “em períodos sobretudo de mais dificuldades, de crises, sabemos que o valor do IVA pode ter impacto para aqueles que são mais desfavorecidos”.

Aquando do aumento galopante dos preços, em 2023, a então bastonária defendeu o IVA 0 para um conjunto de alimentos essenciais. Hoje, considera que, pelo menos, a questão deve voltar a ser equacionada pelos decisores políticos.

“Na altura em que vivemos um período de crise bem sentida, essa foi uma proposta da ON. Se me perguntam se neste momento faz sentido… pelo menos ser equacionado, faz muito sentido”, acredita. Aliás, “em políticas públicas temos de ter sempre a capacidade de equacionar” e “fazer um levantamento de dados para ver se esta é a melhor medida e, se assim for, avançar”.

Isto não quer dizer que a medida “tenha interesse em todos os países e em todos os momentos, mas pode ter muito interesse em determinadas circunstâncias”. Em todo o caso, “sabemos que há evidência científica que nos diz que as medidas económicas, em termos de políticas públicas de saúde, auxiliam nas escolhas alimentares”.

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Alexandra Bento moderou, no passado dia 9 de maio, a conferência “Valor nutritivo vs custo: estratégias de otimização do valor nutricional para baixo rendimento”, encabeçada pela nutricionista Maria Roriz. “Devemos promover a educação alimentar para que isso seja possível. Os pais, as famílias, toda a gente deve remar no mesmo sentido”, mesmo que o aumento do preço dos alimentos seja uma preocupação coletiva, referiu a especialista no CNA 2025.