Estudo: Alimentos processados com menos gorduras “trans” mas com muito sal e gordura 1447

Um estudo que analisou mais de 300 alimentos processados revelou uma redução dos ácidos gordos “trans”, mas os teores de sal e de gordura saturada mantêm-se preocupantes, representando um desafio para uma alimentação adequada.

A conclusão faz parte do estudo “Influência do processamento no perfil lipídico de alimentos processados: aspetos nutricionais e toxicológicos” divulgado em Lisboa num seminário promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

O estudo teve por objetivo a análise da qualidade nutricional e segurança dos alimentos processados, com vista à identificação de áreas prioritárias de intervenção, bem como a contribuição para a formulação de políticas alimentares e de nutrição para melhorar a condição de saúde e nutricional da população.

À agência “Lusa”, Tânia Albuquerque, nutricionista no Departamento de Alimentação e Nutrição do INSA, adiantou que foram analisados alimentos, entre os quais produtos de pastelaria e de panificação, refeições prontas a comer, batatas fritas (pré fritas, de pacote), fast food, cereais e snacks.

«Os nutrientes em que nos concentrámos foram a gordura, o perfil de ácidos gordos e os teores de sal destes alimentos», disse a autora do estudo, realizado no âmbito da sua tese de doutoramento.

Os produtos foram analisados à luz dos guias de orientação, a nível nacional e internacional, relativo ao que é considerado aceitável ou não nestes parâmetros.

«O que vimos relativamente aos dados que estavam disponíveis de anos anteriores, e ao ponto de situação agora, foi que efetivamente tinha havido uma redução do teor de ácidos gordos “trans” para os alimentos que selecionámos e analisámos», mencionou Tânia Gonçalves Albuquerque.

No entanto, relativamente aos teores de sal, estes produtos que «estão disponíveis aos consumidores de forma facilitada» continuam «a ter quantidades que merecem realmente atenção», salientou.

«O que propomos é que sejam feitos esforços conjuntos no sentido de reformular estes alimentos e tentar que eles tenham um perfil nutricional mais adequado e que sejam assim também mais seguros», defendeu.

Segundo Tânia Albuquerque, continua que «o facto de um grupo de alimentos ter mais gordura não significa que tenha menos sal e vice-versa. Portanto, não foi possível estabelecer essa tendência», explicou.

A investigação também constatou que dentro deste grupo de alimentos existem discrepâncias, dando como exemplo o grupo das bolachas Maria e o das bolachas de água e sal, abrindo a possibilidade de alternativas ao consumidor.

«O que verificámos foi que, para o mesmo tipo de produto, temos oscilações do teor de gordura que chegam ao dobro. Estamos a falar de um produto com nove gramas por 100 e de outro com 19 gramas por 100 gramas», o que permite concluir que «é possível termos produtos similares no mercado aceites pelo consumidor e que, do ponto de vista nutricional, tem uma qualidade mais aceitável e são mais saudáveis».

A nutricionista citou o risco de doenças cardiovasculares como consequência do consumo destes produtos, mas em casos de consumo exagerado. «Se for um consumidor com uma alimentação variada e equilibrada» à partida, o impacto que podem ter na saúde é menor.

A investigadora defende que a «indústria tem que fazer um ajuste das suas formulações para conseguir uma redução daqueles teores e conseguir que os produtos continuam igualmente aceitáveis» mas conclui que este esforço tem de ser concertado entre entidades de saúde e consumidores.

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