Ensino Superior: Novos cursos agravam “cenário de precariedade e dificuldade de inserção profissional” 1109

O presidente da Comissão de Jovens (CNJ) da Ordem dos Nutricionistas, Bernardo Pinto, defende que a abertura de mais cursos académicos “agrava um cenário de precariedade e dificuldade de inserção profissional”.

No documento oficial Posicionamento da Comissão de Jovens Nutricionistas sobre a Abertura de Novos Cursos Conducentes à Profissão de Nutricionista, assinado por Bernardo Pinto, fica claro que, “num contexto em que o mercado de trabalho para os nutricionistas já se encontra fortemente saturado, a abertura de mais cursos académicos não responde a uma necessidade real da profissão, mas antes agrava um cenário de precariedade e dificuldade de inserção profissional”.

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O nutricionista lembra “um cenário particularmente preocupante no que respeita à integração dos jovens nutricionistas no exercício profissional” – nomeadamente a discrepância entre o número de recém-licenciados e as oportunidades “dignas e sustentáveis” ou ainda a “escassez de vagas no setor público” – e garante que “esta realidade compromete seriamente o início de carreira de muitos jovens nutricionistas”.

Tal como a Ordem dos Nutricionistas e a Associação Nacional de Estudantes de Nutrição, a CNJ aponta com “preocupação para proposta de criação de cursos em formato integralmente online, e levanta sérias reservas quanto à sua adequação face às exigências técnicas, práticas e humanas que a profissão exige”.

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Por outro lado, Bernardo Pinto questiona “o atual modelo de financiamento do ensino superior, ainda excessivamente dependente do número de matrículas, o que desencoraja uma gestão responsável da oferta formativa”. Neste sentido, acredita ser necessária a “implementação de numerus clausus específicos para a formação em cursos conducentes à profissão, à semelhança do que já se verifica noutras áreas, com vista a ajustar a oferta educativa às necessidades reais de procura no nosso país”.

A CNJ apresenta cinco soluções para combater a problemática, entre elas a “suspensão da autorização de novos cursos até que seja realizada uma avaliação independente sobre o impacto da atual oferta formativa” e a “definição de critérios mínimos obrigatórios para a formação superior em Nutrição, que salvaguardem a componente prática, presencial e supervisionada”. 

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A seu ver, são ainda necessárias “a revisão urgente do modelo de financiamento das instituições de ensino superior, promovendo uma lógica de qualidade e responsabilidade formativa”, e ainda “o envolvimento efetivo de representantes profissionais associativos, bem como de outros intervenientes relevantes, na definição da política pública para a formação e empregabilidade”.

Finalmente, a CNJ defende “a criação de um programa interministerial de comunicação e monitorização entre o Ministério da Educação, do Ensino Superior, da Saúde e as Ordens Profissionais da área da saúde, visando conceber mecanismos para acompanhar de forma integrada a oferta e a procura formativa e garantir uma adequada formação alinhada com as reais necessidades do sistema de saúde português”.