A presidente da Associação Nacional de Estudantes de Nutrição (ANEN), Luísa Dias, defende uma interrupção da “expansão desordenada da formação” em Nutrição e a rejeição do modelo de ensino totalmente online.
De acordo com o documento oficial de posicionamento Novos ciclos de estudo, a presidente da ANEN aponta a “proliferação, pouco estratégica, de novos cursos, movida por decisões desprovidas de uma análise rigorosa das necessidades do setor, sem o devido compromisso com a qualidade do ensino ou com a empregabilidade”.
O problema, acrescenta, intensifica-se “quando se observa a criação de propostas em formato online, levantando sérias e legítimas preocupações quanto à qualidade do ensino ministrado, à salvaguarda da ética profissional e à sustentabilidade do próprio setor”, o que se traduz num “motivo de grande apreensão”.
Para Luísa Dias, “a formação exige uma componente prática significativa, compreensão aprofundada da relação interpessoal e clínica” e “o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais”. Neste sentido, assegura, “a conversão do curso numa experiência exclusivamente digital compromete, de forma inevitável, tanto a qualidade da formação, como a segurança dos cuidados que os futuros profissionais estarão aptos a prestar”.
Ensino Superior: “Aumento do número de instituições pode agravar o futuro da profissão”
Ainda que a opção possa ser vista como uma “oportunidade de acesso” por quem se encontra fora do país, essa ausência “constitui uma limitação significativa do ensino à distância, uma vez que impede o desenvolvimento de competências essenciais para a integração e o exercício profissional”, refere ainda.
Criação de novos cursos é “inadequada”
Luísa Dias lembra o estudo deste ano que revelou que 36.8% dos estudantes de Nutrição já considerou desistir do curso e deixa claro que “a frequência de um curso com a duração de quatro anos, em regime online, comporta um risco acrescido de desmotivação por parte dos estudantes”.
Face à “disparidade entre o número de diplomados e a criação de oportunidades de emprego”, urge apostar na “consolidação e valorização dos cursos já existentes, mediante o reforço da sua qualidade pedagógica e científica e o investimento em condições adequadas de contacto prático com o mercado de trabalho”.
A presidente da ANEN acredita ser “manifestamente inadequada a criação de novos ciclos de estudos na área da Nutrição, em especial no que respeita à modalidade de ensino à distância, cuja natureza é incompatível com a exigência prática inerente à formação de profissionais de saúde”.
“É urgente interromper a expansão desordenada da formação na área, rejeitar o modelo online como via para um curso de saúde e investir na melhoria daquilo que já existe”, conclui Luísa Dias.
Suspensão de novos cursos
Para fazer face ao problema, a Ordem dos Nutricionistas defende a suspensão de novos cursos de Nutrição, até que esteja garantida uma “avaliação rigorosa da formação atualmente existente e das reais necessidades do país”.
ON defende suspensão de novos cursos de Nutrição até reavaliação nacional
A bastonária, Liliana Sousa, considera que “o aumento do número de instituições que ministram formação académica em Ciências da Nutrição e Dietética e Nutrição, pode agravar o futuro da profissão de nutricionista”, face aos desafios inerentes à empregabilidade dos recém-licenciados.




