Composto de chá verde poderá melhorar estado de certas trissomias 751

07 de junho de 2016

Um composto de chá verde, associado a uma estimulação específica, permitiu melhorar certas capacidades intelectuais de pacientes com trissomia. Esta é a conclusão de alguns resultados preliminares de um ensaio clínico publicada esta terça-feira na revista médica britânica “The Lancet Neurology”.

 

Apesar de não se tratar de «um tratamento curativo, é a primeira vez que um tratamento demonstra alguma eficácia na síndrome», sublinha a equipa de investigadores de Barcelona, que realizou testes clínicos em 84 pacientes com trissomia, com idades entre os 16 e os 34 anos.

 

De acordo com a agência “Lusa”, os investigadores utilizaram um dos antioxidantes do chá verde, a epicatequina galato (EGCG, na sigla francesa), devido à sua potencial capacidade de inibir a dominância de um dos genes presentes no cromossoma 21 (DYRK1A) – a epicatequina é um fitonutriente da família dos polifenóis, com uma forte ação antioxidante. O gene está ligado à plasticidade cerebral (capacidade de adaptação cerebral) e a certas capacidades intelectuais.

 

Segundo Rafael de la Torre, um dos investigadores, os pacientes tratados durante 12 meses com o antioxidante do chá verde, combinado com uma estimulação cognitiva permitiram que algumas das capacidades intelectuais, nomeadamente a memória de reconhecimento visual, melhorasse em relação aos que apenas receberam um placebo.

 

O efeito persiste ao longo de seis meses após o tratamento. Os investigadores esperam confirmar os resultados quando analisarem a molécula em crianças, cuja plasticidade cerebral é maior. 


Especialistas aconselham prudência

 

Vários especialistas já saudaram o interesse do estudo, mas mostraram-se prudentes, argumentando com as dificuldades em medir os benefícios intelectuais entre os pacientes.

 

Maria-Claude Potier, do Instituto do Cérebro e da Medula (ICM), com sede em Paris, manifestou-se, porém, contra «toda a automedicação com chá verde, dado que as diferentes variedades contêm quantidades também diferentes da substância chave». A investigadora do ICM insistiu, de qualquer forma, na necessidade de se fazerem estudos de toxicidade antes de se prosseguirem as investigações sobre os produtos.

 

A trissomia 21, ou síndrome de Down, é uma anomalia cromossómica para o qual não existe qualquer tratamento curativo e que provoca deficiências intelectuais variáveis entre as pessoas afetadas, cerca de uma em cada mil no mundo. Graças a um seguimento médico adaptado, a esperança de vida média dos pacientes com trissomia já ultrapassa os 50 anos nos países desenvolvidos.

 

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