Bastonária defende integração de nutricionistas em instituições sociais 842


18 de maio de 2017

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas advertiu hoje para a necessidade «urgente» de garantir a intervenção de nutricionistas junto das crianças e dos idosos em instituições para reverter problemas de saúde que afetam estes dois grupos da população.

Para que isso aconteça, «temos de juntar à mesma mesa decisores políticos, representantes das instituições de solidariedade social e nutricionistas, com o objetivo de definir um plano de ação que dê resposta às necessidades nutricionais da população», sublinhou Alexandra Bento, que defende a integração de nutricionistas nas instituições de solidariedade social.

Alexandra Bento falava a propósito de um ciclo de seminários de Nutrição Comunitária e Saúde Pública que vai reunir amanhã, em Santa Maria da Feira, três centenas de nutricionistas, decisores políticos e representantes de instituições de solidariedade social, com o objetivo de debater o papel dos nutricionistas nessas entidades.

Este ciclo de seminários pretende sensibilizar a comunidade profissional e científica na área da nutrição, bem como as instituições responsáveis pela prestação de apoio social, para «a importância de olhar de forma cuidada» para o estado nutricional dos milhares de pessoas que beneficiam do trabalho destas entidades e para «a responsabilidade que o Estado e as instituições têm no sentido de facultarem uma alimentação rica e equilibrada aos cidadãos que pretendem apoiar».

Alexandra Bento salientou que segundo dados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, uma em cada quatro crianças (25%) e, aproximadamente, um em cada três adolescentes (32,3%) tem excesso de peso e/ou obesidade, avançou a “Lusa”.

«Mas este quadro poderá ser revertido», considerou, referindo que um grupo de investigação liderado por Júlio César Rocha, nutricionista e investigador do Cintesis – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, avaliou a prevalência do excesso de peso em crianças entre os dois e os seis anos de idade, tendo concluído que «a presença de nutricionistas nas pré-escolas pode contribuir para prevenir a obesidade infantil».

Os investigadores avaliaram uma amostra de 129 crianças que frequentam um jardim-de-infância do Norte do país, onde os hábitos alimentares são supervisionados por um nutricionista há mais de uma década e a atividade física é oferecida gratuitamente duas vezes por semana.

Os resultados revelaram que a prevalência global de excesso de peso e obesidade nestas crianças é de 11,7% – uma taxa três vezes mais baixa do que a encontrada na população pediátrica em geral.

«Os dados indicam que a presença de um nutricionista que desenvolva, implemente e supervisione um plano alimentar controlado junto das crianças em idade pré-escolar é capaz de influenciar positivamente o peso dessas crianças», salienta o investigador do Cintesis, Júlio César Rocha.

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas destaca ainda resultados de vários estudos nacionais que dão conta de taxas preocupantes de desnutrição e de obesidade entre os idosos portugueses, especialmente acentuadas no caso dos idosos institucionalizados.

Citou um estudo da Universidade do Porto (Nutrition UP 95), por exemplo, que verificou que 14,8% de uma amostra representativa da população idosa portuguesa apresentava risco de desnutrição e que mais de um terço apresentava deficiência de vitamina D (39,6%). Além disso, 84,9% dos idosos tinham um consumo de sal excessivo face às recomendações da Organização Mundial da Saúde (5 g/dia) e 11,6% encontravam-se pouco hidratadas.

«Estes resultados revelam que é urgente garantir a intervenção de nutricionistas junto das populações mais sensíveis – as crianças e os idosos – para revertermos alguns dos problemas de saúde que afetam estes dois grupos da população», frisou a bastonária.

O encontro, que decorrerá no Cineteatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira, é promovido pela Ordem dos Nutricionistas, pelo Centro de Apoio Social de Mozelos e pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, com o apoio do Cintesis – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e de outros parceiros.

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