Alimentos para bebés em Portugal sem 6 alergénios essenciais 1096

Os produtos alimentares para bebés à venda em Portugal não estão de acordo com as orientações internacionais que defendem a introdução precoce, a partir dos 6 meses, dos oito principais alergénios alimentares, como ovo, peixe, marisco, soja, frutos secos, amendoins, leite e trigo.

Esta é a conclusão de um estudo do Instituto Universitário de Ciências da Saúde (IUCS) da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU), que foi apresentado durante a reunião sobre alergia pediátrica da Academia Europeia de Alergologia e Imunologia Clínica, no Porto.

O estudo, realizado no âmbito do curso de Nutrição do IUCS, analisou a composição de 411 produtos à venda em 10 cadeias de hipermercados e supermercados. As papas, purés, boiões com refeições, snacks e substitutos lácteos disponíveis para crianças até aos 15 meses não incluem a maior parte destes oito principais alergénios, inibindo desta forma o contacto precoce das crianças. Apenas o leite e o trigo estão incluídos em alguns destes produtos.

A principal consequência, refere a nutricionista Inês Pádua, será o desenvolvimento de alergias alimentares. “É comum termos em consulta crianças com 2 anos que nunca tiveram contacto com estes alergénios e isso levará a uma tendência para um aumento da prevalência de alergias alimentares, como já acontece noutros países na Europa e é um problema de saúde pública aqui ao lado, em Espanha.”

“Este mercado dos produtos alimentares para crianças tem crescido muito. Por conveniência ou falta de tempo, muitas vezes estes alimentos são substitutos das refeições confecionadas em casa. E, por desconhecimento face à sua composição ou por receio dos pais, muitos dos alergénios não estão a ser introduzidos”, explica a investigadora e professora do IUCS, dando o exemplo do Reino Unido. Face ao número crescente de alergias com amendoins, que não estavam a ser introduzido na alimentação infantil pelos pais, houve uma redefinição das autoridades de saúde britânicas e a indústria passou a disponibilizar snacks com amendoins.

Em Portugal, seria também desejável a referência, nas orientações da própria autoridades de saúde a que a introdução precoce destes oito alergénios é essencial para a prevenção da doença alérgica, considera Inês Pádua, que coordena a Licenciatura em Ciências da Nutrição do Instituto Universitário de Ciências da Saúde.

Os investigadores do IUCS definiram outra pergunta para este estudo: que qualidade têm os produtos que contém os alergénios trigo e leite? “Percebemos que 65% deles, contém açúcares ou adoçantes, o que não é aconselhável para bebés”, conclui Inês Pádua.

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