“Somos o que comemos”: Ministra da Saúde aplaude nutricionistas 1326

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu hoje o papel dos nutricionistas na sociedade e garantiu que a alimentação saudável se traduz numa estratégia para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Na apresentação do “Relatório da Reformulação dos Alimentos em Portugal – 2018-2023”, esta terça-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a governante começou por afirmar que a alimentação é “muito mais do que nutrir o corpo, é nutrir a alma, convívio, relação, mas também um dos pilares fundamentais da nossa saúde”.

Perante uma forte prevalência, em Portugal e no Ocidente, de doenças crónicas como a diabetes e a obesidade, o cenário é de “um custo humano altíssimo”, mas também de um “impacto económico e social avultados”. É aqui que entra a alimentação saudável como “uma estratégia de longo-prazo para a sustentabilidade do SNS”, ou seja, como “uma necessidade urgente e prioritária” que exige um compromisso nacional abrangente.

Para a responsável, “cada euro investido em prevenção significa muitos euros poupados em tratamento”, pelo que “não há qualquer incompatibilidade, nem política nem técnica, entre promover uma saúde sustentável por via de uma alimentação saudável e o crescimento económico do país”.

“Precisamos de todos”

Ao focar o relatório apresentado – que demonstra uma redução de 15% do teor médio de sal e 21% do açúcar em cinco anos em Portugal – Ana Paula Martins destacou o “papel crucial” da indústria e da distribuição alimentares na “inovação e produção de alimentos mais saudáveis”, ao mesmo tempo que “asseguram que estes produtos chegam a todos os cantos do país, facilitando escolhas saudáveis para os consumidores”.

Alimentos com menos 15% do teor de sal e 21% de açúcar em cinco anos

O compromisso assumido pela Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) e pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), perante o repto do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde (PNPAS-DGS) mostra assim que “é possível aliar a viabilidade económica das nossas empresas à responsabilidade social”. 

Do lado da investigação, agradeceu o contributo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e da empresa Nielsen, responsáveis pela monitorização dos produtos e ainda pela recolha dos dados nutricionais da Indústria, respetivamente. Este “diálogo inédito e construtivo” entre o Estado, a Indústria e a Investigação mostra “um progresso consistente entre 2018 e 2023” que hoje apresenta resultados benéficos para a população.

Papel das Ciências da Nutrição

“A saúde da população e a sustentabilidade do nosso SNS, de que tanto hoje se fala e sobre o qual tantos opinam, são causas que nos unem e que merecem o empenho de todos”, razão pela qual o Governo quer “fomentar a colaboração e trabalhar incansavelmente para que cada português tenha acesso a uma alimentação que promova a sua saúde e bem-estar, hoje e no futuro”.

Neste sentido, acrescentou, a alimentação tem de ser uma prioridade, ainda que muitas vezes não o seja: “não é disto que falamos habitualmente quando falamos de serviços de saúde”, ainda que, “também aqui, além das iliteracias, existem desigualdades”, uma vez que “nem todos temos a mesma possibilidade de conseguir aceder a uma alimentação que faça mais para nós no nosso futuro”.

A ministra aproveitou a presença, na plateia, de Alexandra Bento, para recordar um ensinamento. “Está aqui uma pessoa de quem gosto muito, e que foi bastonária na altura em que eu desenvolvi essa função, e que me ensinou uma coisa desde o primeiro dia em que nos encontramos: Ana Paula, somos o que comemos”.

A responsável aproveitou a ocasião para reconhecer o papel dos especialistas em alimentação: “Deixem-me dar um aplauso aos nutricionistas, das Ciências da Nutrição”, pediu, sendo correspondida pela reação da audiência.