Rotulagem frontal, marketing social e nutricionistas: O futuro alimentar faz-se com diálogo 1502

O futuro das políticas de saúde alimentar poderá passar pela rotulagem frontal, pelo marketing social e pela manutenção de alguns impostos, mas sempre com diálogo, garante a diretora-geral da Saúde. Rita Sá Machado assegura que os nutricionistas são aliados no compromisso por uma sociedade mais saudável.

Na apresentação do “Relatório da Reformulação dos Alimentos em Portugal – 2018-2023”, esta terça-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) referiu que a “cooperação entre os diferentes atores é, sem dúvida, o ingrediente secreto para melhores resultados”.

O relatório apresentado – que demonstra uma redução de 15% do teor médio de sal e 21% de açúcar em cinco anos em Portugal – traduz-se na cooperação entre o Plano Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da DGS, a Indústria (com a FIPA, a APED e a NielsenIQ) e a Academia, com o INSA.

Rotulagem, marketing e impostos

Em antecipação do que poderá ser o futuro, Rita Sá Machado mencionou a possibilidade de se avaliar a rotulagem frontal dos produtos. “Sabemos que os pacotes são muito sedutores e apelam ao consumo”, explicou, para antecipar a possibilidade de se vir a trabalhar neste aspeto, com equilíbrio, para que “agrade a todos”.

Alimentos com menos 15% do teor de sal e 21% de açúcar em cinco anos

Outras estratégias passam por chegar ao cidadão e promover literacia. Neste sentido, a diretora-geral da Saúde informou estar já em andamento um trabalho na área do marketing social. Por outro lado, “a Lei do Marketing foi e é um exemplo” – mesmo que “não seja perfeita” – com espaço para se “conversar, dialogar” e melhorar.

Por outro lado, os impostos, como aquele que taxa as bebidas açucaradas, representam medidas com fundamentação suportada pela Organização Mundial da Saúde, defendeu, ao acrescentar que é a médio-longo prazo que os resultados efetivamente se tornam visíveis. Finalmente, uma palavra para os mais novos, com o compromisso de empenho no que aos “1000 dias de vida de ouro” diz respeito.

Nutricionistas “são aliados”

Em declarações à VIVER SAUDÁVEL (VS), à margem do evento, Rita Sá Machado deixou claro que este relatório “mostra-nos que através de um compromisso intersectorial foi possível alcançar metas importantes para o nosso país”, nomeadamente a redução do teor de sal e açúcar e alguns ácidos gordos em pizzas, cereais de pequeno-almoço, batatas fritas e snacks, refrigerantes, néctares, iogurtes e leite fermentado e aromatizado.

“Os nutricionistas são sempre um dos nossos aliados neste compromisso, não só na prestação direta de cuidados, por terem um papel na literacia, mas também nas ciências do comportamento da população”, avançou. De igual forma, estes profissionais “têm um papel, não só dentro da indústria alimentar”, como também na DGS, com quem trabalham “sempre lado a lado” em prol da saúde pública.

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A responsável lembrou que os nutricionistas “podem trabalhar em todas as políticas” e estarem presentes em variados contextos: da Indústria à Academia, do setor privado às instituições do Estado. “São possibilidades importantes e se são importantes para os nutricionistas, também o vão ser para a população”, concluiu.